“Chegamos carregando o bandeirão da UBES no meio de centenas de movimentos de todos os lugares do mundo. A gente queria entender o que era aquilo”, relembra Carla Santos, presidenta da UBES durante o primeiro Fórum Social Mundial, em 2001. De lá para cá, o FSM se estabeleceu como grande encontro das ideias progressistas do planeta, com participação da UBES em 100% das 17 edições.
Este ano, o fórum acontece em Salvador, desta terça (13) até sábado (17), mais uma vez com forte presença secundarista, entre as 70 mil pessoas esperadas.
Enquanto o Fórum Econômico Mundial reúne o poder econômico do planeta, o Fórum Social chama atenção para outras prioridades. São movimentos que acreditam que as metas mundiais devem levar em conta fatores sociais, e não apenas os financeiros.
O que os estudantes têm a ver com isso? Desde a primeira edição, a UBES pauta as discussões sobre e educação e juventude. “Em 2001, nossa principal bandeira era reserva de vagas no ensino superior. Também denunciamos a privatização do ensino médio técnico durante o governo FHC”, conta Carla, presidenta na época.
Todas as maiores bandeiras dos secundaristas foram levadas ao fórum. Quando Yann Evanovick estava à frente da UBES, por exemplo, levou a defesa dos 10% do PIB e 50% dos royalties do pré-sal para a educação: “Fomos protagonistas na edição de 2010, ao lado dos petroleiros. Tínhamos até uma tenda, onde aconteciam debates sobre o pré-sal. Nesse ano já participávamos ativamente desde a organização de caravanas até a construção da carta final”.
Agora em 2018, a UBES participa do fórum logo depois do seu Seminário de Gestão Edson Luís, enquanto organiza Jornadas de Lutas em lembrança aos 50 anos de morte do secundarista assassinado em 1068. “O FSM é o maior encontro de movimentos sociais, ONGs, partidos, não só da América Latina como do mundo todo. Precisamos estar lá denunciando o que se passa na educação pública brasileira, o golpe que continua sendo articulado e a ameaça à soberania nacional. Nossas ideias têm que ser destacadas às 70 mil pessoas esperadas em Salvador”, diz Bruna Helena, diretora de Relações Internacionais da UBES.
HÁ 17 ANOS
No primeiro Fórum Social Mundial, eu era uma jovem entusiasmada por estar com gente do mundo todo em Porto Alegre, minha cidade, e principalmente com o Acampamento de Juventude, uma verdadeira torre de babel, autogestionado, com todo tipo de causa, idade, lugar. Minha sensação era de estar diante de uma grande novidade.
A oportunidade era de fazer intercâmbio com outras entidades do mundo ligadas à educação, para saber como o neoliberalismo atacava também em outros países. Tanto que depois criamos um braço, o Fórum Mundial de Educação.
Com o passar dos anos, o espaço e empenho dos secundas e da UBES só cresceu.
HÁ 8 ANOS
Eu, que lutava na minha escola por bebedor, ar-condicionado, qualidade no ensino, cheguei no Fórum Social Mundial e me deparei com as grandes pautas dos movimentos sociais mundiais. O Fórum é o lugar onde a gente percebe que a luta da sua cidade integra outras lutas. E que todas as pautas juntas têm mais força.
Como presidente da UBES, o Fórum Social Mundial de 2010 foi um dos meus primeiros compromissos. Participei de outras edições antes e depois, e sempre foi esse espaço de manutenção da chama das ideias mais avançadas do Brasil e do mundo.