Faz dois dias que Victória Madeira saiu de sua casa, no Rio de Janeiro, não deita numa cama nem toma banho. Mas não tem dúvidas de onde queria estar: “Assim que foi divulgado o evento da Bienal unificado com Encontro Nacional de Grêmios, eu decidi que estaria aqui em Salvador hoje”, afirmou a carioca sorridente de 18 anos.
Nesta quarta (6/2) ela saiu direto do ônibus para o Encontro Nacional de Negros e Negras da UBES (ENNUBES) que já acontecia na Universidade Federal da Bahia (UFBA) – e preferiu nem tirar fotos por enquanto. “Foram 30 horas no ônibus, preciso tomar um banho antes”, riu.
Só faz alguns meses que a jovem conheceu o movimento estudantil, depois de um grande movimento contra o assédio no Pense, o colégio onde ela fazia cursinho. Hoje vê a importância de se reunir com outros milhares de estudantes do Brasil no seu primeiro encontro nacional. “Principalmente pela conjuntura do país”, explica.
Já Camila Pedrosa, apesar dos seus 18 anos, é experiente no movimento estudantil e sabe que o fato de ter conseguido um ônibus para chegar na UFBA já é uma vitória. Ela participou do diálogo com o Instituto Federal do Maranhão, onde estuda, para conseguir o transporte de 45 pessoas do Maranhão para a Bahia. Sem falar nas rifas e pedágios que garantiram a alimentação pelo caminho.
Até duas semanas atrás a maranhense não sabia se sua delegação teria motorista ou gasolina, por isso via com emoção todos ali sendo protagonistas do ENNUBES. “A gente sabe como é importante a juventude negra, nordestina e periférica ocupar estes espaços de construção do movimento”, comemora.
Wellington Tiago coordenou a caravana de secundaristas do Paraná e também comemorava ver seus 50 colegas secundaristas em Salvador, depois de passar meses em negociações e reuniões pelos ônibus: “É gratificante ver as pessoas do meu estado no seu primeiro encontro nacional. Só nesses encontros a gente conhece o movimento estudantil de verdade”.
Também do Paraná, a galera da Unioeste, que desembarcava no alojamento nesta quarta, sabe bem o que é atravessar o Brasil. Foram três dias de viagem com direito a seis horas de busão quebrado, em Salinas, Minas Gerais. Mas, nem tudo é dificuldade. Ali na cidadezinha os estudantes receberam a hospitalidade do Bar do Anderson, com direito à chuveiro grátis e caixa de som para animar o tempo parado.
‘’Ele foi maravilhoso, nos tratou super bem. E mesmo nessa situação difícil, nós estávamos unidos, um ajudando o outro para chegarmos bem à Bienal’’, contou Luís Antônio, estudante de Matemática.
Com Renata Bars, da UNE