O debate sobre a defesa do ensino técnico para salvar o Brasil: estudantes em defesa da educação e soberania nacional, que aconteceu na manhã deste sábado (19/10), dentro do 14° ENET (Encontro Nacional de Escolas Técnicas), centrou na luta contra o entreguismo e o liberalismo do governo Bolsonaro.
São esses os fatores que impactam o acesso aos diretos essenciais como a educação pública e a saúde, a soberania nacional e existe um sinal de alerta para a continuidade do ensino técnico como ele existe hoje, com essa política instaurada.
O cientista político Daniel Cara, coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, abriu o debate e lembrou o que está em jogo com um governo reacionário e liberal de Bolsonaro. E que os cortes nas áreas sociais na verdade refletem a real intenção de ter mais recursos ao mercado financeiro.
“Vivemos um momento de radical ‘uberizição do trabalho’, isso é, o trabalhador recebe apenas pelo tempo de trabalho, não tem direito social algum, trabalha para empresa que ele nunca esteve na sede, não conhece e ela, por sua vez, não tem regulação. Atualmente, a prefeitura de Ribeirão Preto já utiliza esse método para a chamar professores substitutos, o que é extremamente prejudicial para educação, uma vez que ela requer construção e relação entre os docentes, os estudantes”, observou o cientista.
E ainda alertou que, diante dessa realidade, é visível que as elites brasileiras não querem nenhum pacto com igualdade social, em preservar direitos. Adércia Hostin, secretária de Assuntos Educacionais da CONTEE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino), avalia que ao falar em defender o técnico é preciso, primeiramente, entender que a política de Bolsonaro tem se firmado como a maior entreguista da história do país, que em nada se preocupa com a soberania.
“Temos uma grande batalha no momento: disputar as ideias contra o processo privatista, retirar essa ideia implantada de tudo que é público é ruim e que se intensifica em um projeto de cortes”, disse Adércia.
Pedro Campos, que foi diretor da UNE e ex presidente da UMES e atuou no Projeto Rondon, ação comunitária desenvolvida por estudantes, iniciou sua fala comemorando e parabenizando os estudantes pelas lutas desse ano contra os cortes e avaliou que esse momento será estudado nos livros de história e novamente o movimento estudantil terá grande importância, e fez uma ressalva para que a mobilização siga.
“O anúncio de que todo o orçamento será ‘devolvido’ é uma vitória aos estudantes e da sociedade. Porém esse contingenciamento comprometeu todo o planejamento das instituições para este ano e impacta de toda a forma 2020. Até ontem, as instituições não sabiam se teriam verba.”
Ildo Sauer, ex-diretor da Petrobrás e diretor do Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo, falou das relações da soberania, o petróleo e sobre o país que consegue construir bases para a sua população – educação, ciência e tecnologia e saúde. “As reservas de petróleo e das camadas do pré-sal são garantias de orçamento para educação e saúde por muitos anos, e seu impacto no desenvolvimento do país são imensos. Porém esses leilões entreguistas são total retrocesso”, acrescentou.
Ildo relembrou que foram descobertos 100 bilhões de barris de petróleo na camada do Pré-Sal.