A mobilização das mulheres para ocupar espaços de tomadas de decisões é a chave para enfrentar o atual governo. Este foi o principal objetivo apontado pelas participantes da mesa de abertura do 5º Encontro de Mulheres Estudantes Secundaristas realizada na noite de 17 de outubro, na Faculdade Zumbi dos Palmares, em São Paulo.
A importância da união das mulheres na conjuntura brasileira foi destacada pela atual vice-presidenta da UBES, Débora Nepomuceno. Ela enfatizou que “diante de um presidente da república que nos ataca, não há como não ser Revolta”.
No mesmo tom, a diretora de mulheres da UBES, Maria Clara relembrou sobre a força dos movimentos organizados por mulheres nos anos de 2015 pela saída do então deputado Eduardo Cunha e em 2018 no #EleNão. Ela ainda afirmou:
Do Norte ao Sul do país, estes movimentos foram fundamentais para inclusive debater com outras pessoas qual a política que nos cabe. Qual o projeto de governo e de país que queremos construir? Isso só é possível com a visão e a luta das mulheres como movimento central desse projeto.”
A história da socióloga e ex-ministra Eleonora Menicucci emocionou a todas e todos presentes na abertura do 5º EME. Presa por três anos durante a ditadura militar, ela afirmou que “Puxar cadeia é pra quem tem força e determinação, porque a cadeia garante a luta política da gente”.
A ex-ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres contou sobre sua militância no movimento estudantil mineiro e sobre sua disposição afirmou: “Fiz 75 anos. Eu tenho essa vontade porque eu acredito na democracia. Já lutei e dei minha vida para isso. E infelizmente assisti outro golpe em 2016, contra a única presidenta mulher do Brasil, Dilma Rouseff.”
Menicucci finalizou dizendo que o país precisa entender três questões fundamentais: luta de classes, a sociedade patriarcal e o racismo.
A diretora de Mulheres da UNE Elaine Monteiro disse que não teve a oportunidade de vivenciar um encontro tão potente quanto este quando era secundarista e que a responsabilidade de toda a nossa geração é a da defesa da democracia, da reconstrução e da garantia dos direitos básicos da dignidade humana.
A importância de um evento como o EME foi destacado pela secretária geral da UBES, Juliene da Silva. Ela declara que sendo mulher negra, por diversas vezes, a luta torna-se solitária e que espaços que reúnem as mulheres estudantes fortalecem e possibilitam que o grito tenha mais força e resiliência.
Do mesmo sentimento compartilhou Stela Gontijo, diretora de Mulheres da ANPG, que reforçou a importância do EME como um espaço de desconstrução do machismo e de auto organização das secundaristas.
Redação:Janaína Maurer, de São Paulo
Fotos: Patrícia Santos