Na manhã desse sábado (9/2), o debate “Cultura, Democracia e Direitos” fechou a programação de temas de discussão da 11ª Bienal da UNE- Festival dos Estudantes, traçando um caminho para a defesa da produção cultural e da identidade brasileira, frente aos ataques conservadores e segregadores.
A atividade contou com a presença de dois ex-presidentes da UBES ( União Brasileira dos Estudantes Secundaristas): Manoel Rangel, cineasta e ex-presidente da Ancine, e Juca Ferreira, atual secretário de cultura de Belo Horizonte (MG) e ex-ministro, que lembraram o quanto a experiência frente à entidade os transformou. “Criei em mim profundo amor pelo país, pela revolução e pela luta por grandes mudanças”, lembrou Manoel.
A diretora da Escola de Comunicação da UFRJ ( Universidade Federal do Rio de Janeiro), Ivana Bentes, abriu o debate lembrando da necessidade de combater a desinformação que circula pelas redes sociais. “É preciso disputar essas ideias, utilizar o espaço do ativismo virtual para contrapor ideias. E lembrar que ao contrário do que dizem nenhuma disputa identitária é cortina de fumaça”, disse Ivana, citando os casos em que as falas da ministra Damares Alves não são levadas à sério e consideradas estratégias para desviar atenção das reformas.
Manoel Rangel fez uma síntese dos grandes momentos da cultura no Brasil e apontou ser importante retomar o ciclo dos investimentos, financiamentos públicos em cultura e que caminhem com a educação. “Os anos após a semana de Arte Moderna de 1922, os planos nacionais de cultura nos 70 e o MinC com Gilberto Gil e Juca Ferreira à frente da gestão, foram os grandes momentos para a cultura no Brasil, porém apenas o último sob o viés democrático “, explicou.
Para ele, há dois anos, com o golpe de Michel Temer, vivemos no obscurantismo para a Cultura e a extinção do Ministério é a exemplificação de um governo que acha que cultura é gasto e não investimento.
Jandira Feghali, deputada federal do PCdoB, autora do Projeto Cultura Viva, iniciou sua fala lembrando o quanto o espaço da Bienal da UNE é importante: “O Festival me mostra que vamos virar o jogo, enfrentar o Congresso Nacional conservador sem adoecer!”
Para a deputada, uma agenda de resistência à cultura passa pelo enfrentamento ao neoliberalismo. “Esse capitalismo contemporâneo avança rompendo com a democracia, impondo uma restrição econômica, social e comportamental, que gera o isolamento e a exclusão”.
E a saída passa pela cultura: “A arte estabelece a resistência. A imensa diversidade brasileira que pulsa em todos os locais é uma aposta”.
Por fim, Juca Ferreira avaliou que é necessário acabar com a perplexidade, isso é, de ficar em choque e medo a cada passo desse novo governo. “Eles possuem um aparato tecnológico para desestabilizar a democracia. E para isso é necessária uma luta geral, identitária e da grande identidade brasileira pela resistência. E devemos usar toda nossa capacidade reflexão para entender esse momento”.