Mulheres fazendo, construindo, contando e protagonizando suas histórias. Esse foi o principal recado dado pelas participantes da mesa que discutiu “O protagonismo das mulheres na cultura e comunicação e a luta pela liberdade de expressão” no 5º EME da UBES na manhã de sexta (18).
Mediada por Jade Beatriz, que é diretora do CIRCUS da ACES no estado do Ceará, a mesa debateu os caminhos e desafios da produção cultural e da comunicação feita por e para mulheres. A estudante relembrou a conjuntura das eleições do ano passado, a disseminação de fake News e relatou sobre a dificuldade de ser mulher artista e secundarista.
Neste sentido a representante da Marcha Mundial das Mulheres, Helena Zelic, destacou o avanço de um governo neoliberal e conservador, que é um modelo econômico que diz respeito há como nossa vida se torna mais precária, perdendo acesso a serviços essenciais e que busca censurar a fartura cultural que está presente dentro dos movimentos feministas.
Diante disso, e também de um monopólio das grandes mídias, Zelic destacou a experiência da Marcha Mundial das Mulheres e disse:
Queremos uma comunicação que seja feminista. E isso significa apontar para outra forma de fazer as coisas, que seja diversa e plural, que todo mundo se sente representada. E não é a representatividade controlada pelo grande mercado, mas sim nós mesmas com todas as nossas diferenças, construirmos a nossa própria comunicação, pegando na câmera, fazendo os textos, contando a nossa história”.
A internet foi um dos temas centrais na discussão do protagonismo na comunicação. Atualmente a maioria das pessoas acessam as redes e notícias por meio do celular, e este foi um instrumento destacado pela diretora de Comunicação da UNE, Camila Ribeiro.
Ela explicou sobre a importância da Cobertura Colaborativa e o poder de quem vive os fatos, contar a história: “É a visão das estudantes sobre aquilo que elas estão vivenciando. A comunicação e a cultura são o espaço para forjar a própria política e afirmar nossos corpos como sujeitos de um lugar que nos foi historicamente negado” disse Ribeiro.
Nessa perspectiva Dríade Aguiar, fundadora do Mídia Ninja, contou a história de como o coletivo se tornou o maior veículo de mídia progressista das Américas. E para chegar nesse patamar, ela deu a letra:
“No Brasil quem faz história são as mulheres, principalmente as pretas, as bichas, as índias. Ver a mulher no centro da história não é coisa de cota engraçada ou divertida, é sim porque quem está de fato produzindo a cultura, são essas pessoas. ”
Aguiar também relatou sobre o programa “Política que queremos” criado pela Mídia Ninja para visibilizar candidatos que possuem perspectivas alinhadas ao coletivo. E foi descrevendo este projeto e como por meio dele conheceu a vereadora Marielle Franco, executada em março de 2018, que a mídia-ativista emocionou todas as estudantes presentes e disse:
“Foi aí que eu entendi de verdade o poder da comunicação, e não só isso, mas o poder da comunicação na mão de uma mulher preta. No fim, transformamos luto em luta”. A comunicadora encerrou fazendo um convite às estudantes para que sejam agentes de transformação do futuro.
As estudantes que acompanharam os debates, declamaram suas poesias e também destacaram a enorme diversidade cultural presente nas escolas e nos mais variados cantos do Brasil.
Assim como as participantes da mesa, as meninas elencaram o slam, os cordéis, os saraus e o movimento do rap nacional como fontes de uma efervescência de saberes que acontece todos os dias no país e com um gigante potencial de transformação para as mulheres.
Redação: Janaína Maurer, de São Paulo
Fotos: Patrícia Santos