Desde o dia 18 de março, os atos nas janelas pela saúde e educação se espalharam rapidamente e chegaram a pelo menos 22 capitais, ao topo dos assuntos do Twitter, aos mais importantes jornais e noticiários. Isso te lembra os tsunamis da educação de maio de 2019? Sim, a nós também.
A irresponsabilidade e falta de ações do presidente Bolsonaro chegaram ao limite com a crise gravíssima do coronavírus. Veja a lista:
Diferente de estudantes, que substituíram atos do dia 18 de março por barulhaço na janela, o presidente Bolsonaro ignorou recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), do próprio Ministério da Saúde e compareceu a uma manifestação no domingo, 15 de março.
As orientações são para evitar aglomerações, não tocar nem se aproximar de outras pessoas. Principalmente no caso dele, que chegou recentemente de viagem dos Estados Unidos e teve contato com 12 pessoas contaminadas com o vírus!
Além de contrariar as recomendações de saúde, Bolsonaro contrariou a democracia e o equilíbrio dos três poderes ao protestar contra o Legislativo e o Judiciário. O ato do dia 15 atacava o Congresso e o Supremo Tribunal Federal, além de defender o Golpe Militar de 1964.
Uma Medida Provisória de Bolsonaro para os contratos de trabalho durante a quarentena permitia empregadores a suspenderem o trabalho e o salário do quadro de funcionários por até quatro meses! O presidente disse depois que voltaria atrás neste artigo, mas o governo prepara outra Medida Provisória para deixar trabalhadores e trabalhadoras com apenas metade do salário. Desse jeito, a população fica sem saber se morre de coronavírus ou de fome.
Como tanta gente que trabalha informalmente vai ficar em casa, sem nenhuma segurança financeira? Ainda mais depois do governo incentivar mais gente no mercado informal, no “empreendedorismo”, trabalhando em aplicativos de entrega, etc? A única proposta do ministro Paulo Guedes é um auxílio de apenas R$ 200 reais para autônomos.
Em meio à crise do coronavírus, o governo ainda cortou 158 mil famílias do Bolsa Família.
Lembra quando o governo Bolsonaro chamou as universidades e institutos federais de “balbúrida”? É a mesma coisa quando o presidente diz que as precauções com coronavírus são “histeria” ou que doença é só uma “gripezinha”. A pandemia já matou mais de 10 mil pessoas no mundo e deixa metade dos estudantes do planeta inteiro em casa.
O governo Bolsonaro faz o contrário do que prometeu: é muita ideologia e pouca capacidade técnica. Quando finalmente tem um ministro com recomendações técnicas, alinhadas com especialistas do mundo todo, o governo reclama da falta de ideologia, como faz com Luiz Henrique Mandetta, da Saúde.
Faz tempo que o governo só age ideologicamente. Na educação, por exemplo. Nunca falou sobre o Plano Nacional de Educação. Mas não para de apoiar aventuras sem sentido, como militarização de escolas e Lei da Mordaça.
A equipe de Bolsonaro sempre apoiou e concordou com a emenda constitucional do Teto de Gastos, que desde 2016 congela os investimentos em saúde e educação. A medida é tão ruim que, na urgência atual, o governo depende da aprovação do estado de calamidade pública para poder deslocar recursos para a área que realmente precisa.
A prioridade do governo Bolsonaro nunca foi saúde e educação. O ministro Paulo Guedes tenta eliminar o piso mínimo que municípios hoje precisam dedicar às áreas.
O Projeto de Lei do Fundeb, mais importante fonte de renda do ensino básico, está parado no Congresso e não tem apoio e pressa do governo.
Em vez de orientar a população a ficar em casa e oferecer medidas para isso, o presidente preferiu gravar vídeo divulgando uma possível cura irreal para o coronavírus. Em postagem do dia 21 de março nas suas redes sociais, o presidente fala sobre a produção de uma substância sem eficácia comprovada contra a doença, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Esperar o que de quem se elegeu falando de “kit gay”, né?