Estudantes e professores protestaram contra uma retomada insegura das aulas em Manaus nesta terça, 11/8, Dia do Estudante. O Amazonas reabre escolas da capital esta semana, sendo o primeiro estado com volta às aulas presenciais desde o começo da pandemia de coronavírus, em março. Apesar de ter apresentado um plano de segurança, na prática as escolas não possuem os equipamentos previstos, nem itens básicos de higiene.
Retomar as aulas presenciais tem sido um sonho para estudantes em tempos de pandemia, mas secundaristas se preocupam com sua segurança, da sua família, de funcionários e toda a sociedade. Há um abaixo-assinado contra o retorno e a UBES estuda ações judiciais para isso.
“Temos vontade de voltar às aulas, mas nos preocupamos muito com nosso trajeto até a escola, com a falta de estrutura de segurança, com parentes que moram com alunos e estão no grupo de risco”, conta Sara Guimarães, vice-UBES no Amazonas.
A estudante explica sobre a grande preocupação de que haja um novo pico da doença com a circulação e contato. Em apenas dois dias, já foram noticiados casos de profissionais infectados.
Circulam nas redes sociais denúncias sobre máscaras inadequadas distribuídas pelo governo, além de outras falhas no plano de segurança: inexistência de termômetros e pias suficientes para que todos lavem as mãos, por exemplo.
Na segunda (10/8), o Amazonas registrou 3.384 mortes por coronavírus, conforme boletim epidemiológico da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS-AM).
A estudante e vice-UBES Sara lembra também que, como está programado um rodízio de estudantes, ainda precisam de estrutura e acesso à internet em casa, para os dias em que estarão no lar.
Kallel Naveca, estudante de Manaus e diretor da UBES, explica que a situação é muito delicada pois estudantes se preocupam com o ano letivo e, muitas vezes, com o sonho de entrar na universidade. Por outro lado, precisam de segurança básica para isso.
Nada disso foi pensado ou conversado com estudantes. “Nós gostaríamos de dialogar com o governo para organizar a volta às aulas”, termina Sara.
A União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) estuda entrar com uma Ação Civil Pública pela suspensão das aulas, uma vez que as medidas anunciadas pelo estado não estão sendo adotadas nem fiscalizadas.
Em julho, a entidade secundarista instituiu um Fórum para avaliar o ensino remoto e o plano de volta às aulas nos estados. Neste espaço, a diretoria da entidade defende uma série de cuidados para a retomada das atividades presenciais.
Desde o começo da crise do coronavírus, a UBES tem uma postura de responsabilidade e denúncia sobre a falta de planos nacionais, tanto para o ensino remoto quanto para a retomada das aulas presenciais em segurança.