O autoritarismo de Bolsonaro e sua equipe sempre se mostraram nas mais diversas áreas e não seria diferente na Educação, infelizmente. Desde que assumiu o MEC, Abraham Weintraub tem se mostrado inimigo da democracia interna das instituições de ensino. E não foram poucas vezes que isso aconteceu.
Intervenção no IFRN e no IFSC
Na última semana, o MEC atacou a autonomia dos Institutos Federais com a nomeação autoritária de interventores nas reitorias dos Institutos Federais de Ciência, Educação e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN) e de Santa Catarina (IFSC). Nas duas instituições, foram designados reitores pro tempore (temporários). No IFRN, o nomeado nem mesmo concorreu na consulta à comunidade acadêmica.
Em nota, o Conif – Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica manifestou preocupação e considera incoerente as nomeações de gestores temporários em casos onde os processos eleitorais ocorreram de forma idônea e legítima. “O Conselho externou seu posicionamento claro ao requerer a nomeação dos gestores eleitos em processos democráticos”, diz a nota.
MEC já nomeou candidatos que perderam a eleição
É inacreditável, mas é real. Ao invés de valorizar a políticas interna das reitorias e nomear os candidatos eleitos, o MEC preferiu nomear os perdedores. O primeiro episódio registrado foi na Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) em junho do ano passado, onde houve a nomeação do segundo colocado da lista tríplice.
Depois isso se repetiu na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), na Universidade Federal do Ceará (UFC) e na Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) que foi ainda pior. Lá o nomeado tinha ficado em quarto lugar na consulta à comunidade acadêmica, na qual obteve apenas 5,2% dos votos.
No Cefet – RJ, o interventor foi expulso
O ministro da Educação resolveu nomear o próprio assessor para ocupar o cargo de diretor-geral do Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio de Janeiro (Cefet-RJ). O interventor nunca fez parte do quadro de servidores da instituição. Indignados, os secundaristas impediram a entrada do interventor na escola. A mobilização tinha faixas e gritos de ordem como “Fora, interventor!”.
Interventores que nem estão na lista tríplice
A lista tríplice é elaborada pelas universidades e institutos federais para indicar à Presidência da República os eleitos pela comunidade acadêmica que devem ocupar a reitoria.
Ignorando tudo isso, em junho de 2019, o Ministério da Educação designou uma reitora temporária na Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) que não concorreu na eleição interna nem tinha seu nome na lista tríplice enviada ao ministério para a nomeação, o mesmo que aconteceu no Cefet – RJ. Curiosamente, ela era apoiadora da chapa derrotada na consulta à comunidade universitária.