*Créditos da imagem: Vitor Vogel
Arthur Poerner, escritor, jornalista, professor e compositor carioca, encerrou sua trajetória na comunicação e reivindicação por um Brasil melhor neste mês de junho (2022), deixando um legado com contribuições riquíssimas à história e cultura do país.
Bacharel em Direito com pós-graduação em Comunicação, Poerner foi participante ativo da resistência à ditadura militar, sendo conhecido como o brasileiro mais jovem a ter os direitos políticos suspensos por 10 anos, em 1966. Dentre suas obras, destaca-se “O poder jovem”, um dos mais importantes trabalhos de síntese sobre a história do movimento estudantil no Brasil.
Um apaixonado pelos jovens e o quanto podem alcançar com seu protagonismo. Não à toa, é o autor de “O Poder Jovem”, considerado a “Bíblia do Movimento Estudantil”.
Acreditou até o fim na urgente NECESSIDADE de devolver o Brasil para o caminho da democracia, com dedicação e paixão por essa luta. E nós seguiremos nessa busca, Poerner, por um país onde todas e todos tenham o direito a uma vida digna e plena!
Nascido em 1 de outubro de 1939, no Rio de Janeiro, Arthur José Poerner iniciou sua carreira em 1962 como repórter do Jornal do Commercio, no Rio de Janeiro, também atuando como redator da Standard Propaganda e, em 1963, do Correio da Manhã. Em 1964, ingressou na Faculdade Nacional de Direito da Universidade do Brasil, hoje Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Já em 1965, foi co-autor da obra “Assim marcha a família”, com José Louzeiro e outros. No ano seguinte, lançou o livro “Argélia: o caminho da independência”, tendo todos os seus direitos políticos suspensos pelo então presidente Castelo Branco. Dois anos depois, em 1968, publicou o livro “O poder jovem: história da participação política dos estudantes brasileiros”, um dos 20 primeiros proibidos no período da ditadura militar.
Em abril de 1970, Poerner foi preso na redação do Correio da Manhã e exilado na Alemanha, onde se tornou redator e locutor da rádio Voz da Alemanha e compôs as canções “Meu lamento” e “Vou-me embora”.
Mesmo no exílio, o jornalista trabalhou como correspondente de veículos de imprensa brasileiros e lançou livros baseados na sua experiência de prisão política. Voltando para o Brasil em 1984, tornou-se presidente do Sindicato dos Escritores do Estado do Rio de Janeiro e também do Museu da Imagem e do Som.
Em 2000, Poerner fez parte de uma coletânea sobre a resistência à ditadura militar chamada “Nossa paixão era inventar um novo tempo” e recebeu a Medalha de Mérito Pedro Ernesto, da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, entregue àqueles que mais se destacam na comunidade brasileira.
Já em 2004, em São Paulo, lançou a quinta edição do livro “O poder jovem”. Quando, segundo ele, acompanhava as transformações ocorridas nos 26 anos que separavam as cinco edições de sua obra, mas que “o poder jovem continua atual. A luta continua”.
Poerner participava de todas as bienais realizadas pela UBES, sempre acreditando na necessidade de reconduzir o Brasil ao caminho democrático e que todas as pessoas tivessem o direito a uma vida digna e plena.
Entusiasta, otimista e cheio de histórias. Ele sempre será lembrado pelo afeto e a entrega que dedicou em cada momento e a cada pessoa com quem trocou.
A resistência continua.