A espera acabou. Após cinco anos sem congressos presenciais, devido à pandemia do coronavírus, teve início na noite desta quinta (12/05), na Arena BRB Nilson Nelson, em Brasília, o 44º Congresso da UBES.
Mais de três mil estudantes de todos os cantos do país já chegaram em Brasília para o CONUBES e acompanharam esta primeira noite do evento com enorme entusiasmo. Ao dar as boas-vindas aos secundas, Rozana Barroso, presidenta da entidade, afirmou, sob aplausos: “O que estamos fazendo hoje em Brasília é mudar vidas. Educação muda vidas.”
Convidados importantes na defesa da educação relembraram os desafios dos últimos anos e saudaram a potência da juventude para transformar a realidade.
“Em dois meses, liderados sobretudo pela UBES, com a mobilização de diferentes setores, temos hoje mais de 2 milhões de jovens entre 16 e 18 anos que estão com título na mão”, saudou o senador Randolfe Rodrigues, que atualmente trabalho na Senado para frear os ataques de Bolsonaro ao processo democrático deste ano.
O senador lembrou que a UBES conquistou com sangue e suor o direito à liberdade e ao voto nos anos 1970, esteve presente em momentos decisivos da história do país e estará mais uma vez: “Estamos num momento crucial para a luta do Brasil e a juventude é a saída”.
“Nossa galera é a galera que sonha com um país melhor. Quero chamar todo mundo a juntar toda essa revolta para retomar a esperança.”
Bruna Brelaz, presidenta da UNE
“Tenho orgulho de ter sido da geração que conquistou as cotas na universidade e o Fundeb e tenho orgulho de olhar essa geração, que conquistou o Fundeb permanente e ver que podemos construir um país melhor.”
Cássio Borges, tesoureiro da ANPG
Quase todos os convidados da noite usaram suas falas para repudiar as recentes e crescentes ameaças do presidente Bolsonaro ao processo eleitoral, sempre relembrando que a UBES fez parte da conquista da democracia brasileira após o período de Ditadura Militar (1964-1985).
Leonardo Péricles, da Unidade Popular, retomou a história da Ditadura Militar no Brasil e lembrou que a impunidade no passado leva a impunidade no presente, associando a falta de punição de torturadores dos anos 1970 ao massacre da juventude negra nas periferias.
Referindo-se ao presidente Jair Bolsonaro, terminou: “O lugar de quem faz apologia à Golpe Militar não é na presidência da República e sim na lata do lixo da história.
“Muitos jovens da UNE e da UBES deram suas vidas para que a gente possa estar aqui hoje.” Leonardo Péricles, presidente da UP.
A deputada federal Sâmia Bomfim também acredita que a falta de justiça de transição ao fim da Ditadura Militar encoraja algozes daquele período a seguir defendendo golpes e o fascismo. Ela defendeu ainda a punição ao presidente Bolsonaro por saudar torturadores no Congresso Nacional e por usar a cadeira da presidência para a todo momento ameaçar as liberdades democráticas e tirar direitos da juventude.
“Precisamos seguir com a luta dos jovens que respondem com livros às armas que querem nos impor.”
Sâmia Bomfim, deputada federal
“A juventude tem participação fundamental do processo que estamos vivendo, um dos piores momentos políticos da nossa história, que a gente não imaginava que podia chegar.”
Gleisi Hoffmann, deputada federal
Convidados da mesa de abertura do CONUBES, como Thabatta Pimenta, primeira vereadora trans do Rio Grande do Norte, e Fábio Félix, deputado distrital, destacaram ainda a potência da juventude LGBT, que sofre ameaças dentro das escolas.
“Vemos uma tentativa de silenciamento da linha pedagógica nas escolas, das discussões de liberdade, de gênero, de direitos humanos. E este não é um ano qualquer, é um ano de dizer que LGBTs existem e devem ser respeitadas em todos os espaços”, disse Fábio Félix.
Luciana Santos, vice-governadora de Pernambuco, também ressaltou que as prioridades do governo Bolsonaro não têm a ver com a cara da juventude presente no CONUBES: “Estamos diante de um misógeno, homofóbico, de uma intolerância e um ódio que não tem a nossa cara e o nosso jeito. É contra isso que estamos aqui”.