Nos anos de golpe e ascensão do fascismo no Brasil, as e os estudantes foram aqueles e aquelas que sempre estiveram na luta em defesa da democracia e de um país soberano para todos. Organizamos os grandes Tsunamis da educação, ocupamos escolas anunciando a tragédia que seria a implementação do Novo Ensino Médio e contra a PEC 241/2016, que limitava os investimentos na educação e ameaçava o futuro das Universidades e Institutos Federais, esse momento ficou marcado na história como a Primavera Secundarista.
Após seis anos, os frutos de um projeto elaborado sem qualquer diálogo com os diversos setores da educação são desastrosos para a juventude brasileira, acentuando a desigualdade e precarizando o ensino público.
A reforma do Ensino Médio, em seu contexto, foi criada pelo interesse da elite econômica em ditar qual o tipo de educação deve ser ofertada no Brasil, fazendo com que o ensino seja cada vez mais sucateado e que se privatize a oferta educacional direta cada vez mais. Na realidade, não adianta mudar todo o currículo educacional sem cumprir demandas que já existiam anteriormente: como a construção de laboratórios, salas de aulas, e a ampliação de escolas, especialmente as escolas técnicas e seus respectivos profissionais, já que o NEM aumenta drasticamente a demanda por ensino técnico e profissional.
Temos uma grande evasão escolar em todo o Brasil que aumenta dia após dia, a pandemia da Covid-19 contribuiu para o aumento da evasão escolar, mas a implementação do NEM a intensificou mais ainda, a pesquisa do IBGE registrou pela primeira vez em números que, das 50 milhões de pessoas com idades entre 14 e 29 anos, dez milhões, ou seja, 20% delas, não terminaram alguma das etapas da educação básica. No índice, a grande maioria é de pretos e pardos.
O principal motivo da evasão de mais da metade da população, é a necessidade de trabalhar para sustentar a casa, além do desinteresse no modelo de ensino ofertado, ao invés de manter os nossos estudantes nas salas de aula e ser algo que realmente contribui para sua formação, esse modelo está os expulsando das escolas, já que não condiz com as condições reais de vida da população brasileira.
É de extrema importância o debate de uma formação cidadã, que compreenda as relações do mundo do trabalho e o ingresso na Universidade, utilizando o potencial da nossa geração para o desenvolvimento do país, gerando perspectivas para a vida pessoal e profissional da juventude.
Por todo o país, milhares de estudantes denunciam diariamente as desastrosas consequências do NEM, construímos uma campanha gigante que atingiu escolas desde a periferia, interior à capital reivindicando a revogação do Novo Ensino Médio e pautando uma educação do tamanho dos nossos sonhos.
Tivemos diversas conquistas nesse período, tais como: a recomposição orçamentária das Universidades e Institutos Federais, revogação do Programa de Escolas Cívico-Militares (PECIM), recomposição da verba da merenda escolar, a importante aprovação do PL da lei de cotas na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, a implementação do NEM foi suspensa e o Ministério da Educação realizou uma consulta pública para escutar estudantes de todo o Brasil sobre suas vivências desastrosas com esse novo modelo de ensino. Os resultados da consulta só consolidou o que denunciamos todos os dias: o Novo Ensino Médio precisa ser revogado urgentemente e é necessário a construção de uma nova lei, que seja construída com os estudantes e profissionais de educação.
No dia 24/10 tivemos uma importantíssima vitória, o Presidente Lula enviou à Câmara dos Deputados o PL de reestruturação do Novo Ensino Médio, PL esse que é fruto da luta das e dos estudantes secundaristas e aborda os nossos principais pontos, tais como:
Sabemos que ainda há muito para avançar, é importante que esse PL seja articulado juntamente com políticas públicas que garantam que os nossos jovens não evadam das salas de aula. Sonhamos com um ensino médio que tenha como base a vida e realidade das e dos estudantes secundaristas, que seja um modelo construído estrategicamente para ampliar a formação em seu sentido mais amplo: crítica, cultural, social e cidadã.
Seguimos mobilizando estudantes dos quatro cantos do país para que esse PL seja aprovado sem alterações em seu texto na Câmara dos Deputados e no Senado Federal.
A reconstrução da educação e do Brasil perpassa pelas mãos das e dos estudantes, a primavera secundarista resiste em cada estudante por uma escola do tamanho dos nossos sonhos.