A revogação do novo ensino médio é o passaporte para construção de uma nova escola e a reconstrução do país.
O NEM foi aprovado ainda em 2017 pelo governo Temer de forma antidemocrática, sem diálogo com os estudantes, professores e profissionais da educação.
O novo ensino médio vem como um projeto de ser mais “atrativo” e de proporcionar “autonomia aos estudantes”. Mas essa não é a realidade, pois o novo ensino médio tem sido uma das razões contribuintes para evasão escolar.
No ano de 2022, com a aplicação do novo ensino médio nas escolas, a realidade que enfrentamos é que o NEM não é atrativo e muito menos da autonomia aos estudantes. E sim mais um plano de desmonte e sucateamento da nossa educação e da nossa escola pública.
Aliás, escola que hoje só se permanece de pé devido às lutas que nós estudantes e professores travamos em defender a importância do novo e permanente Fundeb, que garante o funcionamento de manutenções básicas dentro das nossas escolas.
Com tantos ataques a nossa educação do governo Temer, do suicídio que foi o governo Bolsonaro para nossa educação, resistimos firmemente a esse sistema que só sabota nossa educação.
Temos visto e sofrido na prática as consequências de um sistema que não foi pensado por nós:
• As nossas escolas não têm estruturas para receber esse novo sistema, a falta de recursos para cursos e professores desgastam mais os estudantes;
• Nossos professores não foram preparados da forma devida: palestra de 30 minutos não é formação;
• A exclusão das matérias obrigatórias e a carga horária aumentada, que não estão contribuindo para o processo formativo dos estudantes, inclusive isso tem nos atrapalhado muito;
• As trilhas de conhecimento são uma verdadeira ilusão, nem todas as escolas estão sendo aplicadas da maneira como deveriam. Os estudantes, apesar de terem a autonomia de escolher o que querem, acabam escolhendo o que a escola oferece;
• O notório saber é um retrocesso para a nossa educação e para a licenciatura. Nossos professores são obrigados a dar aula do que não foram preparados para ensinar;
• A desigualdade posta e o acesso ao ensino superior dos estudantes de escola pública. A diminuição da base comum e a entrada dos itinerários afeta a formação dos estudantes;
• O ensino EAD é posto como uma proposta de 30% para os alunos que estudam a noite, 20% para os que estudam de dia e 80% para os estudantes do EJA. Isso contribui drasticamente para evasão e para o desmonte da escola pública. A nossa saída da escola com a chegada da pandemia nos custou muito.
Visualizando o NEM e destrinchando tudo o que ele é e vem sendo para os estudantes, é nítido que não dá mais, é um pesadelo na vida dos estudantes. Não tem como travarmos o debate da revogação do novo ensino médio sem travarmos do debate do que defendemos. Sabemos que não é revogar por revogar e precisamos defender um plano de qual ensino médio que defendemos e qual escola queremos.
Falar da revogação é falar da expansão desses debates. Precisamos expandir nosso debate para não ser uma luta só dos estudantes, mas uma luta conjunta com a sociedade.
Antes de tudo, é preciso estudar o que temos agora para que na formulação de um novo ensino médio, não cometamos os mesmos erros.
Principalmente ressaltar a importância da nossa organização. Precisamos nos organizar, a UMES Pernambuco tem travado esse debate com os estudantes nas escolas. Temos nos organizado, procurando e sendo procurado por muitos estudantes. Esse papel de se organizar é fundamental para conseguirmos dialogar com a sociedade.
Portanto, falar do novo ensino médio hoje é falar da reconstrução do nosso país e os estudantes que estão na sala de aula hoje são o futuro desse país. Não queremos um futuro frustrado por jovens cujas perspectivas foram tiradas devido a esse novo ensino médio. Falar do novo ensino médio e da importância da revogação é falar da criação de uma escola pensada pelos estudantes e professores, da construção de uma escola que esteja a serviço da sociedade. E investir nessa escola, é investir no Brasil!