MOÇÃO PELO PASSE LIVRE
Somos filhos das ruas, das periferias, dos caminhos longos e das manhãs tardias.
Somos vozes que ecoam nos becos, sonhos que atravessam fronteiras invisíveis.
Carregamos mochilas cheias de esperança, mas os pés cansados conhecem o peso das barreiras.
Nosso direito de aprender, de crescer, de sonhar, não pode ser barrado por catracas.
Educação é liberdade
A escola é nosso ponto de partida, e o conhecimento, o destino que buscamos.
Mas como alcançar o amanhã, se o hoje nos nega a passagem?
O transporte é ponte para o futuro, mas para muitos, tem sido muralha.
Cobramos o que é nosso: o livre ir e vir, a chance de transformar o mundo,
Porque o saber precisa de asas, e não de barreiras.
Passe Livre: a chave para novos caminhos
O Passe Livre não é um favor, mas o resgate de uma dívida antiga.
É permitir que a periferia chegue ao centro, que o campo alcance a cidade.
É garantir que a sala de aula seja lugar de todos,
E que o jovem da quebrada possa ocupar o teatro, o museu, o sonho.
Nossa história pulsa nas ruas
Somos herdeiros de lutas antigas, filhos dos que resistiram,
nossa força vem de longe.
É na ocupação das escolas, nos cartazes erguidos, nos gritos abafados pela repressão,
Que provamos: somos sementes que crescem no asfalto.
Um amanhã sem catracas
Queremos mais do que transporte. Queremos dignidade.
Queremos cidades abertas, onde ninguém seja barrado por onde mora ou quanto tem.
Nossa bandeira é o Passe Livre, mas nosso horizonte é a justiça social.
Porque a liberdade de mover-se é a liberdade de ser.
A luta é nossa poesia
Não há trilho que nos prenda, nem catraca que nos impeça.
Somos o vento que não para, a marcha que avança pelas ruas.
Hoje clamamos: Passe Livre para os estudantes!
E amanhã, clamaremos pelo direito de todos.
Enquanto houver catracas, haverá luta.
Enquanto houver luta, haverá esperança.
Enquanto houver esperança, haverá estudante na rua.
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MOÇÃO CONTRA A ESCALA 6×1
Contra a exploração predatória da nossa juventude
Abaixo a escala 6×1!
Desde a revolução industrial (meados do século XVIII) mulheres, homens e até crianças foram transformados em peças de uma máquina produtiva, enfrentando jornada de até 18 horas diárias. A luta pela redução de jornada de trabalho surgiu de uma necessidade de sobrevivência, já que os trabalhadores dormiam no chão das fábricas, sem descanso, regulamentação ou salários dignos.
A luta operária conquistou ao longo dos séculos diversos direitos, como o dia internacional das mulheres e o dia da classe trabalhadora. E no Brasil, esses direitos vêm sendo atacados sistematicamente e, com a Reforma Trabalhista do presidente golpista Michel Temer (MDB) em 2017, os direitos vêm sendo precarizados, dando perspectiva de precarização e desmonte. E o Projeto vem atacando principalmente a juventude.
A evasão escolar, o analfabetismo vem se aumentando na juventude porque o mercado de trabalho, o trabalho precisa estar presente na vida desses jovens. O impacto da escala 6×1 vai além do corpo; ele sufoca sonhos, vínculos e o futuro, e a juventude encontra-se cada vez mais em situações onde a sua vida é somente seu trabalho, sua exaustão e sua saúde mental prejudicada.
Convocamos todos os jovens a fortalecer a luta em torno dessa pauta, é preciso mobilizar a juventude trabalhadora para as ruas por condições dignas de emprego, pelo fim da escala 6×1 e pela ampliação políticas de assistência estudantil como o pé de meia para combater a evasão escolar.
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MOÇÃO POR LICHITA
Pelo reaparecimento em vida de Lichita!
Lichita é uma criança, filha de um casal guerrilheiro que luta pela reforma agrária no país, além da bandeira do fim do uso de agrotóxicos e controle popular da terra e distribuição de alimentos aos pobres, camponeses e indígenas. Em 02 de setembro de 2020, o Estado do Paraguai cometeu mais um crime bárbaro contra o povo, torturou e assassinou as irmãs Villalba, duas crianças argentinas de 11 anos. No dia 30 de novembro, em um novo ataque à família Villalba, foi presa Laura, mãe de uma das meninas. Duas primas adolescentes, Tamara, 14 anos, e Tania, 19 anos, conseguiram fugir e cruzaram a fronteira para Argentina no dia 23 de dezembro. Já Carmen Elizabeth Oviedo Villalba, “Lichita”, irmã gêmea de Tamara, foi sequestrada e está desaparecida até o momento.
O povo do Paraguai viveu uma ditadura militar que durou 35 anos, mas os militares e empresários beneficiados pela ditadura seguem impunes e o atual presidente do Paraguai segue reproduzindo as mesmas práticas desse momento de maior represália contra o povo.
Nesse sentido, todos os povos do mundo e da América latina fazem campanha pela vida de Lichita, em defesa da democracia e livre organização do povo. Assim como no Paraguai existe um crescimento do fascismo no nosso país que defende as coisas mais atrasadas que se tem nessa sociedade que coloca o lucro acima da vida e é com muita solidariedade que nos somamos a esse grito.
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REVOGAÇÃO DO NEM
Sob a promessa de um currículo diferenciado e mais atraente, maior inserção no mercado de trabalho e permanência nas escolas, desde 2021 o “Novo” Ensino Médio passou a ser implementado no Brasil. Hoje, a substituição de aulas de áreas de ciências, humanidades ou mesmo de linguagens e matemática por disciplinas baseadas em conteúdos como “Projeto de vida”, “o que rola por aí” e “empreendedorismo” é uma realidade em todo o país. Além de não contribuírem em nada com a formação intelectual e cultural dos estudantes, obriga os educadores a se virarem para dar aulas limitadas e sem qualquer base científica.
A chamada “Reforma do ensino médio” é uma das heranças do governo golpista de Michel Temer. Aprovada em 2017, o texto finalizado pelo MEC do então ministro Mendonça Filho, tem por foco restringir o currículo, abrindo espaço para a lógica de uma educação ainda mais mercadológica, atendendo as demandas dos bilionários setores da educação privada. A verdade é que a proposta em si representa a restrição do acesso à educação, uma profunda desvalorização do conhecimento acadêmico e científico, numa clara tentativa de construir uma escola ainda mais acrítica e mercadológica.
Não à toa a proposta recebeu tanto apoio dos grandes grupos empresariais que atuam na educação, ansiosos por mais lucros com a venda de apostilas e consultoria para instalação dos tais itinerários formativos – sem falar no tocante aos grupos interessados em alocar a juventude em vagas de trabalho precárias, a exemplo dos empresários do Ifood ligados ao Innova Capital. Conquistamos vitórias importantes por meio das grandes manifestações construídas pela UBES e demais entidades estudantis espalhadas pelo Brasil. Por isso, é preciso seguir unindo forças e mobilizar toda a sociedade para dizer não a esse profundo ataque à educação básica. É no caminho da luta, das ruas e mobilizações onde seremos vitoriosos na revogação da reforma e na construção de um projeto de educação essencialmente pensado pelos estudantes e educadores.
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Abaixo os generais: contra a militarização e a venda das nossas escolas!
O Brasil hoje enfrenta constantes ataques quando falamos de uma escola laica, pública, democrática e de qualidade que contemple um acesso universal, sabendo a importância da educação na construção da cara e dos avanços do país na retomada de sua soberania, os ataques não são isolados, mas sim projetos, projetos esses que hoje tomam conta das nossas câmaras e assembleias e crescem entre os governos e prefeituras. A figura do fascismo se desgasta, mas ainda há caminho até sua derrota efetiva.
Advinda do governo de Bolsonaro, as escolas cívico militares dialogam direto com o desespero de pais e mães de periferias com a falsa promessa de segurança e estrutura dentro dos muros da escola, mas quando o adentramos a realidade imposta é de repressão, de violência física, verbal e psicológica e de um ambiente hostil as nossas individualidades. O regime das escolas cívico-militares ataca a escola democrática, a participação das associações de pais e mestres, conselhos e do próprio grêmio estudantil.
Bradamos a bandeira de uma escola plural onde há espaço para que nossas individualidades sejam expressas de forma segura e nossos corpos não estejam sob constante repressão. Queremos, sim, investimento público em segurança nos nossos bairros e cidades, queremos investimento em saúde pública e nos cuidados mentais de nossas famílias, o que hoje não encontramos na representação desses agentes. É necessário acabar com o projeto das escolas cívico-militares para a uma nova reformulação e construção, segurança pública e de real investimento de estrutura, acessibilidade a saúde e a educação, e somente assim derrotarmos as perspectivas e iniciativas fascistas de controle dentro do ambiente escolar!
A agenda neoliberal entende a importância de disputar as mentes em prol da manutenção do capitalismo e do fortalecimento do seu sistema, os itinerários vazios e a terceirização das administração e dos serviços dentro das escolas precariza o ambiente escolar na oferta muitas vezes do mínimo para o funcionamento dessas instituições.
O dinheiro público precisa ir pra escola pública de forma direta sem lucro para empresários; os professores precisam ser atendidos, os concursos realizados e as capacitações profissionais valorizadas. O formato mercantilista de educação que hoje impõe plataformas digitais de grandes corporações, que resume o desempenho dos estudantes a resultados de provas e os transforma cada vez mais em números a serem ofertados para que os projetos sejam vendidos em nome de status políticos e acordos comerciais. Basta!
A educação não é mercadoria, tal qual as empresas de energia, água e até mesmo saúde que vem sendo vendidas expondo a desresponsabilização dos gestores públicos em relação a esses serviços, e queremos que nossos colégios continuem públicos a serviço da comunidade, de uma sociedade justa e da soberania de nosso país, que haja a perspectiva de ingresso e permanência ao ensino superior e mão de obra capacitada e comprometida com um mercado de trabalho humanizado!
A nossa luta é histórica e diária, é continuará firme na defesa de uma educação transformadora e emancipadora, pois acima de tudo, educação não é mercadoria.
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DANDARA PRESENTE
Por que Pedrita? Por que é uma mulher forte que veio da Pedra.
Dandara era um ato de coragem, uma chama acesa na escuridão,
uma bandeira que tremulava mesmo sob as tempestades.
Você, com um amor imenso pela militância,
ensinou a todos nós que a luta não é só resistência:
é um abraço, um sorriso, um gesto de esperança.
Foi no movimento estudantil que você se descobriu por inteira,
onde, como você mesma dizia,
“passei a ter um conhecimento aprofundado sobre identidade de gênero e orientação sexual. Parei de me enxergar como um rapaz gay afeminado e entendi quem eu realmente era: uma mulher transexual.”
E ao se encontrar, você nos deu o maior presente:
a força para também nos encontrarmos.
No Maranhão, você construiu pontes, quebrou muros,
fez da sua voz uma lei, e da sua vida, uma revolução.
Mas Dandara, você foi mais do que isso.
Você foi poesia em movimento,
uma estrela que, mesmo ao partir,
continua a brilhar no céu da nossa luta.
Hoje, sentimos sua ausência como uma dor que não se explica,
mas, ao mesmo tempo, sentimos sua presença em cada canto:
no sorriso de quem resiste, no grito de quem luta,
no sonho de quem não desiste.
Você virou mártir, mas, acima de tudo, virou amor.
O tipo de amor que não morre, que não se apaga,
que continua a florescer em cada esquina,
em cada coração tocado pela sua história.
Nunca te esqueceremos, boneca.
Você é a nossa estrela-guia,
a nossa força para seguir quando tudo parece perdido.
Você é eterna, porque a luta que você amou tanto,
e a vida que você viveu com tanta coragem,
permanecem vivas em nós.
Dandara Pedrita, presente! Hoje, amanhã e para sempre.