No Dia do Trabalhador, é essencial refletirmos sobre uma realidade que afeta milhares de jovens brasileiros: a necessidade de conciliar trabalho e estudo. Essa dupla jornada, muitas vezes imposta por condições socioeconômicas adversas, impacta diretamente o desempenho acadêmico, a saúde mental e o bem-estar dos estudantes.
A realidade dos estudantes trabalhadores
Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) de 2022 revelam que aproximadamente 16,5% dos alunos do ensino médio regular no Brasil trabalham enquanto estudam. Para muitos, o trabalho não é apenas uma fonte de renda pessoal, mas uma contribuição essencial para o sustento familiar, especialmente em lares de baixa renda .
Essa sobrecarga compromete o rendimento escolar, aumenta as taxas de evasão e prejudica a saúde física e mental dos jovens. Estudantes universitários também enfrentam desafios semelhantes. Pesquisa realizada com graduandos da Universidade Federal Fluminense indicou que a combinação de trabalho e estudo pode afetar negativamente a qualidade de vida e o desempenho acadêmico .
Programa Pé-de-Meia: um passo importante, mas ainda insuficiente
O Programa Pé-de-Meia, instituído pela Lei nº 14.818/2024, é uma iniciativa do governo federal que visa incentivar a permanência e a conclusão escolar de estudantes do ensino médio público. O programa oferece incentivos financeiros que podem totalizar até R$ 9.200 ao longo dos três anos do ensino médio, distribuídos da seguinte forma:
Embora o programa tenha contribuído para a redução da evasão escolar e incentivado muitos jovens a se dedicarem mais aos estudos, ele ainda não é suficiente para eliminar a necessidade de trabalho entre os estudantes de baixa renda. Muitos continuam a enfrentar a dupla jornada, utilizando o benefício como um complemento à renda familiar .
O papel da ubes na luta por uma educação justa
A União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) reconhece os avanços proporcionados pelo Programa Pé-de-Meia, mas ressalta que ainda há muito a ser feito. É fundamental que políticas públicas sejam ampliadas e aprimoradas para garantir que todos os jovens possam se dedicar integralmente aos estudos, sem a necessidade de trabalhar para sobreviver.
Neste 1º de maio, a UBES reafirma seu compromisso com a luta por uma educação pública, gratuita e de qualidade, e por condições dignas de vida para todos os estudantes. É preciso garantir que a juventude brasileira tenha acesso pleno à educação, sem que isso signifique abrir mão de sua saúde, bem-estar ou futuro.