Março chega e, com ele, as campanhas de valorização das mulheres ganham espaço.
Mas será que estamos avançando de verdade? No Brasil, meninas ainda enfrentam desafios para permanecer na escola, mulheres são minoria na ciência e na tecnologia, e as artes seguem sendo um campo onde elas precisam lutar para serem reconhecidas.
O Dia Internacional da Mulher, comemorado em 8 de março, não é apenas uma data de homenagens e flores. Ele marca a resistência feminina por direitos básicos e equidade. No movimento estudantil, essa luta se reflete na defesa de uma educação sem machismo, na ampliação das oportunidades para meninas e na ocupação de espaços historicamente negados às mulheres.
Educação: as barreiras ainda existem
Desde pequenas, meninas enfrentam desafios extras para permanecer na escola. A evasão escolar feminina é impulsionada por fatores como trabalho doméstico, gravidez precoce e falta de apoio para continuar os estudos. Um relatório do UNICEF (2023) mostrou que meninas são mais afetadas pela evasão escolar devido a questões de gênero.
Além disso, mesmo quando chegam ao ensino superior, mulheres ainda são minoria nos espaços de liderança. De acordo com o Inep (2021), 74% do quadro docente brasileiro é composto por mulheres, mas elas ocupam menos cargos de diretoria e coordenação do que os homens. Ou seja, mesmo dominando a sala de aula, são os homens que tomam as decisões.
Uma educação verdadeiramente feminista precisa garantir que meninas tenham as mesmas oportunidades de estudo e que a escola seja um ambiente seguro, livre de assédio e violências de gênero.
Cultura e arte: o apagamento das mulheres
Quantas escritoras, compositoras ou cineastas você estudou na escola? O apagamento feminino na história da cultura e das artes é uma realidade que ainda persiste. Embora mulheres tenham desempenhado papéis fundamentais em movimentos artísticos e culturais, seus nomes seguem sendo menos valorizados.
Uma pesquisa da PublishNews (2021) revelou que apenas 37% dos livros publicados no Brasil são escritos por mulheres. No cinema, a situação é ainda mais grave: apenas 21% das produções brasileiras lançadas entre 2018 e 2022 tiveram direção feminina, segundo levantamento da Ancine.
A luta para garantir mais espaço para as mulheres na cultura não é apenas sobre reconhecimento, mas também sobre representatividade. Quando meninas veem escritoras, artistas e cineastas ocupando esses espaços, elas percebem que também podem estar lá.
Ciência e tecnologia: o futuro também precisa ser feminino
A desigualdade de gênero também afeta o campo da ciência e da tecnologia. Segundo a UNESCO (2022), apenas 28% dos pesquisadores na área de STEM (ciência, tecnologia, engenharia e matemática) são mulheres. No Brasil, os números são ainda mais desafiadores: de acordo com o IBGE (2023), menos de 30% dos trabalhadores do setor de tecnologia são mulheres.
Isso não acontece por falta de interesse, mas sim por um sistema que sempre associou essas áreas ao universo masculino. Desde cedo, meninas são incentivadas a brincar com bonecas, enquanto os meninos ganham kits de robótica. O resultado? Menos mulheres seguindo carreiras científicas e tecnológicas, menos oportunidades e menos reconhecimento.
Para mudar essa realidade, é fundamental que a escola e o movimento estudantil incentivem mais meninas a explorarem esses campos. Ciência e tecnologia precisam ser para todas!
O movimento estudantil também é feminista!
A luta por educação pública, gratuita e de qualidade sempre teve a participação ativa das mulheres. Na ditadura, foram elas que enfrentaram a repressão. Nas ocupações estudantis, elas estavam na linha de frente. E até hoje, são as meninas que puxam os gritos e organizam a resistência dentro das escolas e universidades.
Mas ser mulher dentro do movimento estudantil também tem seus desafios. Pesquisa da Gênero e Número (2022) mostrou que mulheres ainda enfrentam mais barreiras do que homens para ocuparem cargos de liderança dentro de movimentos sociais e estudantis. Além disso, muitas relatam episódios de machismo, assédio e desvalorização dentro desses espaços.
Por isso, a UBES reforça a necessidade de um movimento estudantil que seja, de fato, feminista e antirracista, garantindo que meninas tenham protagonismo nas lutas pela educação e sejam respeitadas dentro dos espaços de organização estudantil.
O Mês da Mulher não pode ser apenas um momento de discursos vazios e homenagens sem compromisso. É um período para reforçar a luta por equidade, pelo fim do machismo na educação e na sociedade e por oportunidades iguais para todas.
A UBES segue na defesa de uma educação feminista, onde meninas possam estudar sem medo, ocupar espaços na ciência, na cultura e no movimento estudantil sem serem silenciadas.
A revolução é agora, e ela tem rosto de mulher!