Assembleias, passeatas e manifestações acontecem em todos os cantos do país contra a ação violenta da PM no local
O país iniciou a semana estarrecido frente à informação de que a tropa de choque de São Paulo entrou no Pinheirinho para cumprir o mandato de reintegração de posse da área ocupada por 6 mil pessoas há exatos oito anos. Os moradores ainda dormiam quando as casas começaram a ser desocupadas pela ação da Polícia Militar e da Guarda Civil de São José dos Campos no último domingo (22), por volta das 6h.
O caso teve repercussão nacional e internacional. No Brasil, diversas manifestações de solidariedade aos moradores e contra a desocupação acontecem desde a madrugada e algumas cidades espalhadas pelo país têm atos programados durante todo o dia.
Em São José dos Campos, representantes de entidades sindicais, estudantis e do movimento social se dirigiram às fábricas da cidade para realizar panfletagem e assembleias com os trabalhadores. Houve atividade em fábricas como a General Motors, Tim Brasil e Johnson & Johnson. O MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) também na manhã de hoje realizou uma passeata em Sumaré/SP, na avenida Anhanguera, em frente à montadora Honda.
A reintegração de posse do Pinheirinho também foi um dos assuntos mais comentados nas redes sociais durante o fim de semana. No Twitter, a hashtag #Pinheirinho apareceu no Trending Topics, o ranking com os assuntos mais comentados do momento, do Brasil e também de São Paulo. Nesta segunda, o assunto voltou ao tópico nacional.
“São seis mil pessoas morando em uma área de disputa jurídica. Não são aventureiros, não são invasores. São famílias que se estabeleceram ao longo de anos, com idosos, crianças, mulheres, mães e pais que levantaram suas casas, firmaram-se nos seus empregos, colocaram suas crianças nas escolas, criaram uma comunidade sem nenhuma ajuda do poder público. A UEE-SP manifesta a sua total solidariedade e questiona a ação da tropa de choque, com 2 mil policiais, um carro blindado, 150 veículos e dois helicópteros. Cenas de um filme real que a população tem vivenciado constantemente”, avaliou o presidente da UEE-SP, Alexandre “Cherno” Silva.
PINHEIRINHO: UMA COMUNIDADE SEM NENHUMA AJUDA DO PODER PÚBLICO
A ocupação Pinheirinho, localizada em São José dos Campos, a 87 km de São Paulo, surgiu do grande déficit habitacional em São José dos Campos (SP). São 6 mil pessoas, em sua maioria mulheres e crianças, que ocupam, desde 2004, uma área até então abandonada que era de propriedade do especulador Naji Nahas. Hoje, existe uma comunidade sem nenhuma ajuda do poder público, com escolas, igrejas e comércio local.
Na última quarta-feira (18) à noite, houve um acordo entre a massa falida da empresa e os moradores de Pinheirinho. Foi acordado que haveria uma trégua de 15 dias para um entendimento entre as partes envolvidas.
Nesse domingo, estavam em vigor duas determinações: a Justiça estadual determinava a desocupação da área, enquanto a federal determinava que nada fosse feito. Apenas a noite, após a operação, é que o Superior Tribunal de Justiça emitiu uma decisão liminar dizendo que a competência sobre a permissão de reintegração de posse era apenas da Justiça Estadual.
Após o início da ação, moradores entraram com um pedido na Justiça Federal para que a reintegração parasse e os responsáveis pelo comando da operação fossem presos, por terem descumprido a ordem judicial.
E AGORA?
As pessoas que viviam na área invadida foram removidas da região no início da noite. As informações oficiais da PM e da Prefeitura de São José dos Campos são de que a operação de desocupação do Pinheirinho ocorreu com tranquilidade e o atendimento às famílias está sendo realizado adequadamente.
Contudo, segundo informações do blog “Solidariedade a Pinheirinho”, a ação ilegal da polícia e da Prefeitura continuam e o suposto esquema montado para receber os moradores da ocupação é absolutamente precário.