Marcada pela divisão entre governo, estudantes e professores, depois de 115 dias de greve, na manhã desta sexta-feira (3) durante assembleia em Salvador, professores da rede estadual de ensino da Bahia suspenderam paralisação. Com possíveis reposições ainda não divulgadas, as aulas retornam na próxima segunda-feira (6). Diante das reivindicações da classe, o governo mantém o reajuste cedido este ano com variação entre 6,5% e 11,5%, além de conceder aos professores licenciados da carreira de Magistério, por meio de curso de atualização, promoções com ganho de 7% em novembro deste ano e 7% em março de 2013.
Para o presidente da Associação Baiana dos Estudantes Secundaristas (ABES), Wesley Masil, a greve desgastou professores e estudantes que retornam às aulas com sério atraso no ano letivo. “O acordo e a greve são justos, desde o início os estudantes deram apoio massivo, mas com o passar do tempo, a motivação do movimento tomou cunho político partidário e não se pensava mais nos estudantes que estavam fora da escola. Foi um atraso efetivo”, defende o estudante.
O governo da Bahia respondeu à proposta apresentada pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado (APLB-BA), acatando as solicitações de readmissão dos professores demitidos e a retirada de processos administrativos contra professores em estágio probatório; o cancelamento dos processos judiciais contra o sindicato; o pagamento imediato dos salários cortados; o repasse do dinheiro da contribuição sindical e o retorno das negociações. “A ideia é suspender o movimento e marcar nova assembleia dentro de um mês, se o governo não cumprir, voltamos”, disse Rui Oliveira, coordenador-geral do APLB-BA.
ESCOLA FECHADA, ESTUDANTES NAS RUAS PELO FIM DA GREVE
A juventude secundarista da Bahia reconheceu a legitimidade da greve dos professores no início de abril deste ano, somando à categoria durante manifestações nas ruas, audiências, e em especial, quando acamparam na Assembléia Legislativa em ato de apoio às reivindicações dos profissionais da educação.
Em junho, mês de forte participação do movimento estudantil, quando representantes da ABES, em nome dos milhões de estudantes baianos prejudicados pela greve que já durava mais de 70 dias, entregaram ao governador do estado, JAQUES WAGNER, nota cobrando a reabertura da negociação imediata com à APLB. Veja Nota_ABES_UEB.
Pensando assim, os estudantes se posicionaram em busca de novas frentes de luta para as negociações. Em passeata ao Ministério Público, mais uma vez os secundaristas foram às ruas, quando protocolaram termo por medidas favoráveis aos estudantes de todos os níveis e séries da rede pública, diretamente prejudicados com a paralisação que já completava quase 3 meses.
“Saímos dessa greve prejudicados pelo atraso do ano letivo, mas vitoriosos pois enfrentamos opinião, demos a cara pra bater, não tivemos medo de expor nosso posicionamento e dizer que a greve precisava de outra alternativa. Esta foi uma tremenda batalha, uma luta que interpelou a gestão da ABES e como alternativa só tínhamos a força de vontade de cada estudante para ir lutar pelos seus direitos. A juventude do nosso estado não se privou de defender o que queria, de se organizar, ocupar ruas, de ocupar a AL-BA junto com os professores. Agora é pensar daqui em diante, e assegurar a normalidade das aulas e alternativas conjuntas que só busquem retirar o prejuízo deixado por 115 dias sem aula”, reafirma o presidente da ABES.