Artigo da atual presidente da UPES, Nicoly Mendes, reafirma organização secundarista no estado de São Paulo
Hoje é um dia em que a emoção e a vontade de lutar batem mais forte. Nesse mesmo dia 26 de julho de 1948 se iniciou uma das histórias mais bonitas que eu já vi e ouvi em toda minha vida: a fundação da União Paulista dos Estudantes Secundaristas. Um grupo de estudantes secundaristas, que assim como os de hoje, estavam preocupados com o rumo da educação brasileira se reuniram e fundaram a Associação dos Estudantes Secundários do Estado de São Paulo, que dois anos depois iria se chamar União Paulista dos Estudantes Secundaristas. Essa entidade aguerrida desde então não se calou.
Soltou a voz na organização dos estudantes em grêmios estudantis, nas ruas lutas contra o golpe militar que prendeu e depois assassinou Antônio Guilherme Ribeiro Ribas -seu ex-presidente, para protagonizar a luta pelas eleições diretas, pela lei do grêmio livre, pelo voto aos 16 anos e por muitas outras conquistas que ajudam hoje a escrever a história do nosso país.
E o que nos move? É uma paixão sem igual! É a vontade de mudar essa contradição que torna nosso país tão singular, de permitir que em uma cidade o estudante tenha acesso à educação, moradia, saúde, emprego, esporte, cultura e tantos outros direitos. Pois hoje, ao mesmo tempo em que esse estudante paga para ter acesso a esses direitos, ele vivencia a realidade cruel dentro da favela, de encarar uma criança com fome, frequentando a escola de chinelo, sem livros bons, cercada de grades e proibições. Isso quando existe uma escola por perto, porque o pai e mãe dessa criança não têm condições de pagar o transporte pra que ela possa chegar até a escola. São por motivos como esses que uma das bandeiras históricas da UPES é a luta pela educação pública, de qualidade, laica e, principalmente, a luta pelo passe livre!
A UPES é uma rebeldia consequente. Esse sentimento é o que faz seus diretores saírem das casas dos seus pais, passar de rodoviária em rodoviária visitando cidade por cidade, escola por escola, pra mostrar a cada secundarista que pode e deve existir um Brasil diferente, no qual todos tenham acesso aos seus direitos. A vontade de gritar, essa angústia, umas formiguinhas na barriga, a emoção que nos faz enfrentar a nossa mãe, a professora, o diretor da escola, a polícia e a ditadura militar; pra que a gente possa ser também parte do presente, para que não haja mais injustiças, desigualdades, pré-conceitos. É pra fazer acontecer um Brasil de todos!
A UPES hoje luta pelos 10% do PIB pra educação, uma bandeira que vai garantir qualidade do ensino em todos os níveis, especialmente no ensino médio; melhor preparação do profissional da educação; uma nova infraestrutura escolar que não tenha mais grades e cadeados do que livros. Os estudantes paulistas querem ingressar na universidade e ajudar a desenvolver o nosso país. Por esse motivo que em março desse ano a UPES foi às ruas pra dizer que é preciso mais qualidade e mais investimento na educação brasileira.
Nossa história é feita por faces muito novas, mas também muito aguerridas, foi marcada diversas vezes com sangue e muita dor, mas também por muitas conquistas e alegrias. Hoje a UPES completa 64 anos. Aos que fizeram parte dessa história, deixo a minha eterna gratidão, meu eterno respeito e, aos que nos dias de hoje acordam mais cedo e dormem mais tarde ajudando a escrever parte dessa linda trajetória, avante camaradas! Os militantes secundaristas de hoje são tão valorosos como os nossos heróis do passado! De braços dados construiremos o país dos nossos sonhos, com lágrimas e sorrisos, com a convicção de que ainda há muita luta pela frente.
Enquanto houver desafios, enquanto houver desigualdade, a UPES vai seguir em frente lutando, vai seguir em frente enfrentando todas as barreiras que nos impedem de sorrir, vai seguir em frente colocando muita gente nas ruas, vai seguir em frente organizando muitos grêmios estudantis, vai seguir em frente encantando os corações dos jovens em suas escolas e, especialmente, vai seguir em frente na busca da felicidade dos estudantes paulistas e do povo brasileiro.