Um momento significativo para as lutas populares começou na última quinta-feira (16/5) com a abertura da 1ª Assembléia de Articulação dos Movimentos Sociais para a Aliança Bolivariana das Américas (Alba), que reúne mais de 150 delegados de 22 países, na Escola Nacional Florestan Fernandes, do Movimento dos Sem Terra (MST), em Guararema, em São Paulo.
A plenária, que foi batizada com o nome do comandante Hugo Chávez deu continuidade ao debate sobre o sentido da integração popular da América Latina, a organização e mobilização nas ruas e o estudo da luta de classes no contexto atual. O encontro que aconteceu entre 16 e 20 de maio, contou com programação que contempla, entre outros temas, a análise dos desafios tanto diante da crise mundial do capitalismo e a estratégia global que o império aplica no continente, como os referidos à construção de um projeto de integração popular.
A convocatória desta Assembleia fez parte do processo de Articulação de Movimentos Sociais conjunta para a ALBA, que iniciou-se em julho de 2008, estabelecendo que toma como referente a ALBA (a Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América) porque capta as bandeiras históricas em favor da integração da América Latina e Caribe como único caminho de libertação verdadeira de nossos povos. Isto é, princípios como o direito e respeito à autodeterminação dos povos, a solidariedade, a complementaridade e a cooperação, entre outros.
A Articulação de Movimentos Sociais conjunta para a ALBA, nos disse João Pedro Stedile, integrante da Coordenação Nacional do MST, é “resultado de um longo processo histórico de articulação dos movimentos sociais provenientes desde a “Campanha de resistência Indígena, Negra e Popular” contra a celebração, em 1992, dos 500 anos do início da invasão europeia. Naqueles anos, na década de 90 estávamos enfrentando a hegemonia do capital, com seu projeto neoliberal. E ali começamos a articular nossas forças. Depois veio a campanha contra a ALCA (o projeto estadounidense de criar a Área de Livre Comércio das Américas). E depois construímos juntos a ideia do Fórum Social Mundial (FSM), e dentro dele realizamos as assembleias dos movimentos sociais”.
Nesse sentido, diz Stedile, o ponto de gravitação da Assembleia “será o processo de organização e a partir dessa unidade, construir planos de ação. Por isso, espero que a Assembleia permita aprofundar a unidade para realizar coisas concretas, como: mobilizações de massas unitárias no continente contra nossos inimigos, que são o grande capital, as transnacionais, o império, os bancos, os que exploram nossos recursos naturais. Realizar atividades conjuntas no plano da comunicação tanto em âmbito continental quanto local; da mesma forma que o plano de formação política, para ter mais militantes preparados; realizar atividades conjuntas produtivas e também campanhas de solidariedade com os povos que estão enfrentando situações mais difíceis, como o Haiti, Cuba, Honduras e a Colômbia”.
Como a identidade dessa confluência organizativa se remete a Alba, perguntamos o parecer do secretário executivo de tal entidade oficial, o advogado e diplomata venezuelano Rodolfo Sanz, que assinalou: “Bem vindo esse processo de Assembleia de Movimentos autônomos, independentes dos Estados; sempre e quando tenham uma visão crítica da busca de novos rumos, de novos paradigmas, da geração de novos processos que humanizem a sociedade na qual vivemos”.