A luta contra o imperialismo é o grande mote do XVIII Festival Mundial da Juventude e Estudantes, que acontece em Quito, capital do Equador, de 7 a 13 de dezembro. O evento, que existe desde a década de 1940, tem o desafio de criar espaços de discussão sobre crise global e o direito à educação, assim como outros assuntos relacionados à unidade de ação do movimento juvenil e estudantil progressista.
Sob o tema “Juventude unida contra o imperialismo, por um mundo de paz, solidariedade e transformações sociais”, cada dia da 18ª edição do evento tem sido dedicado a um continente. No caso da América Latina e Caribe será o dia 12 de dezembro, com o tema da paz, a soberania e a solidariedade, assim como a unidade e a integração na luta contra o imperialismo.
A expectativa é que compareçam cerca de 20 mil jovens de todos os continentes, com a oportunidade única de trocar informações sobre as lutas juvenis de seus países e regiões. “Estamos no processo de construção das delegações nacionais e cada país já formou o seu comitê preparatório. Os jovens de todo o mundo encontrarão uma juventude que pulsa e está mobilizada em luta pelo aprofundamento das mudanças iniciadas nesse ciclo progressista”, afirmou o secretário executivo da Organização Continental Latino Americana e Caribenha dos Estudantes (OCLAE), Mateus Fiorentini.
O movimento do festival existe desde 1947 e tem seguido a mesma proposta principal de debater e promover ações de resistência e luta anti-imperialista. Ao longo de 65 anos e após 17 edições, a juventude do mundo já uniu sua voz e luta contra o fascismo, as ditaduras, os regimes antidemocráticos e outras formas de repressão, sendo também um espaço onde é expressa a solidariedade internacional de todos os participantes com o país onde é realizado o evento.
A estudante brasileira Talita Monção faz parte do comitê organizador do Festival, que conta com trinta países. Ela está morando há quase dois meses no Equador e contribuiu para que tudo desse certo nesse que é o maior encontro da juventude mundial. Para ela, o que se busca em Quito são alternativas diferentes para um mundo em que os jovens sejam protagonistas das transformações sociais em cada continente.
O diretor de Relações Internacionais da UNE, Tahuan Fernandes, que está em Quito compondo a delegação brasileira, destaca o papel fundamental do Brasil para garantir a unidade dos povos latinos e a unidade das entidades representatividade dos estudantes na América Latina. “Estamos aqui para discutir e avançar nesse novo período de desenvolvimento por qual passa o nosso continente com a eleição de governos progressistas. Temos que garantir a continuidade desse processo com a juventude na linha de frente dos avanços”.
O 18º Festival da Juventude ocorre no Parque Bicentenário da capital equatoriana, um antigo aeroporto que está totalmente ocupado por tendas de debates, barraquinhas com comidas típicas e artes regionais. Essa edição do festival homenageia o líder da Revolução liberal do Equador, Eloy Alfaro; o falecido presidente da Venezuela, Hugo Chávez e o independista gânes Kwane Nhkrumah. Por todo o parque se vê também imagens de figuras importantes da política e da cultura equatoriana, como o pintor Oswaldo Guayasamín.
O presidente Rafael Côrrea expôs um pouco sobre o processo em que vive o seu país. Desde que foi eleito pela primeira vez, há seis anos, ele convocou uma Assembleia Constituinte, de forma similar à Bolívia, e se passou à construção de um novo Estado, republicano, multiétnico, multicultural, cidadão. O processo de transformações liderado por Correa passou a se chamar Revolução Cidadä e começou a organização de um partido, o Movimento País.
Esse processo de transformações, como o de todos os governos progressistas da América Latina, privilegia as políticas sociais e não o ajuste fiscal, privilegia os processos de integração regional e as alianças entre o Sul do mundo, e um Estado forte, indutor do crescimento econômico e garantia dos direitos sociais e não o Estado mínimo, que renuncia em favor do mercado.
Da Redação UNE
Fotos: FMJE e João Dias/UNE