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Abertura do 62º CONEG da UNE tem juventude reunida para avançar o Brasil

As lutas e os desafios dos jovens brasileiros foram postos em cheque na mesa de abertura que aconteceu nessa sexta-feira (30), em São Paulo

A ideia de que é necessário garantir reformas estruturais para a juventude através de políticas públicas vem se desenvolvendo há alguns anos no Brasil, principalmente a partir dos anos 1990. Políticas e programas para jovens sempre existiram, mas o entendimento de que é necessário um conjunto amplo e articulado de políticas que atentem para a singularidade e, ao mesmo tempo, para a pluralidade da juventude tomada como um segmento específico se estruturou mais recentemente.

Esse entendimento é reflexo de profundas mudanças ocorridas nas últimas décadas e que o movimento estudantil sempre procurou acompanhar através de debates, passeatas e encontros anuais. Com uma juventude unida e preparada para buscar a estruturação de mecanismos para que os jovens possam desenvolver sua formação, processar suas buscas, construir seus projetos e percursos de inserção na vida social, mas também lutar para o Brasil avançar em sua conjuntura, a abertura do 62º Conselho Nacional de Entidades Gerais (CONEG), no Anfiteatro de Engenharia Elétrica da Escola Politécnica/USP, em São Paulo, nessa manhã de sexta-feira (30), discutiu a luta que deve ser travada a partir de agora e como conseguir seguir no rumo de mudanças mais profundas.

Para entender essa atual situação brasileira no cenário econômico, social, político e cultural e, dessa maneira, tentar sincronizar os desafios da juventude nesses diferentes setores, houve uma grande análise de conjuntura com a mesa “As lutas e os desafios da juventude para o avanço do Brasil”. Participaram da discussão Léa Marques, representante da Juventude da CUT; Daniel Souza, da Rede Ecumênica da Juventude; Thiago Aguiar, presidente do DCE da USP e ex-diretor da UNE; Ronaldo Pagotto, do Sindicato dos Advogados de São Paulo; Barbara Melo, presidenta da UBES; Laís Gonçalves, representante da Marcha Mundial das Mulheres; Loiuse Akemi, representante do Coletivo Fora do Eixo; Igor Felippe, representante do MST; e Virgínia barros, presidenta da UNE.

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Juventude unificada nas ruas do Brasil

Houve consonância de que é preciso uma verdadeira mudança nas questões que tangem a juventude e, para isso, é preciso que os movimentos se unifiquem e saiam às ruas reivindicando melhorias estruturais. A conversa foi bastante ampla pois cada debatedor conseguiu expor as dificuldades da área específica da qual representa.

Léa Marques, representante da CUT, fez uma grande análise a respeito da conjuntura política atual. “Antigamente nós não conseguimos, na correlação de forças da sociedade, nos apropriar dos avanços do governo. Se a juventude hoje tem disposição é porque hoje ela entende que o Estado, embora ainda repressivo, não é mais sinônimo de violência como era há 12 anos. Hoje ela reconhece que é um aparato que se pode reivindicar e que a vitoria concreta já não é mais tão distante assim. Esse foi o recado claro das ruas de junho”.

Louise Akeme, do Fora do Eixo, falou de um outro ponto pouco explorado nos movimentos sociais: a importância da construção de narrativas através das tecnologias digitais amplamente acessíveis. “Desse jeito, é possível fazer uma importante disputa simbólica. Temos que nos apropriar de todos os meios”, analisou.

Já Laís Gonçalves, da Marcha Mundial das Mulheres, trouxe a questão do machismo como um fator importantíssimo a ser considerado na luta de hoje. “Nossa batalha deve sempre conter uma perspectiva feminista. Todas as pautas devem perpassar por essa ótica”,  acrescentou.

Virgínia Barros, presidente da UNE, fez uma fala agregando todos os movimentos presentes. “Esse é um momento histórico, um marco importante da juventude brasileira. Esse novo tempo é tempo de ampliar a nossa voz. Até quando vamos nos conformar? Até quando vamos ficar calados diante de um governo que não tem projeto contra a desnacionalização? A educação é prioridade nos discursos, mas não se reflete no orçamento do país. Um novo caminho trilhado pelas mudanças começou e isso é fruto da unidade”, sinalizou.

Quem paga a banda escolhe a música

“Quem paga a banda escolhe a música. O povo brasileiro é representado no sistema político com 10% dos parlamentares eleitos no campo popular. O resto é casa grande e a casa grande não vai acolher as bandeiras progressistas”, explicou Igor Felippe, do MST, em relação a urgente aprovação de uma reforma política.

Thiago Aguiar, presidente do DCE da USP, também explanou nesse sentido. “Os movimentos de juventude já entenderam que a conjuntura é outra após junho. Precisamos destravar os limites dessa democracia e precisamos seguir nas ruas”.

 A UNE tem defendido a reforma política como uma das mudanças estruturais mais importantes para o Brasil. Para isso, os estudantes têm trabalhado ativamente nessa discussão, protagonizando a ampliação deste debate e uma maior participação popular neste processo.

“As reformas agrária, urbana, tributária, do judiciário, da educação, da saúde, democratização dos meios de comunicação têm pouca ou nenhuma chance de avançar em um Congresso Nacional composto por parlamentares eleitos com o dinheiro dos empresários e que defendem interesses contrários ao da maioria do povo”, complementou Barbara Melo, presidenta da UBES, durante a mesa de abertura.

PNE aprovado. E agora?

O 62º CONEG seguirá ao longo dos três dias discutindo os rumos do Brasil após a aprovação da principal pauta do movimento estudantil: mais investimentos para a educação através do PNE. Na semana que vem será debatido de qual forma os 10% do PIB para educação serão aplicados. A UNE, UBES e entidades educacionais defendem que sejam para educação pública.

Patricia Blumberg
Do Site da UNE