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Do PNE ao filme “Hoje eu Quero Voltar Sozinho” – Questões de gênero é tema central para juventude

No exato momento em que se debate a questão da flexão de gênero no texto do Plano Nacional de Educação, como um farol para os conflitos adolescente, filme traz à tona o papel da escola entorno do tema

O filme “Hoje Eu Quero Voltar Sozinho” é uma das estreias mais aguardadas do semestre entre os adolescentes brasileiros. A produção independente nacional e primeiro longa-metragem do jovem diretor Daniel Ribeiro teve 13 de suas 15 sessões de pré-estreias pelo país esgotadas. Por trás de todo esse entusiasmo, existem diversos fatores: a qualidade inerente ao filme que aborda a questão dos conflitos de igualdade, discriminação no âmbito escolar e uma linguagem bastante simpática ao grande público (incluindo pais).

A força motora que transformou esse projeto em algo muito maior que um longa-metragem atende por um nome: jovens adolescentes admiradores do roteiro sobre como é ser gay ou mesmo ser heterossexual em ambientes de completo descompasso com seu crescente processo de autoafirmação, especialmente a escola.

Estamos diante de uma geração cada vez mais informada, via redes sociais, sobre seus direitos, e com muito mais acesso a obras e produtos de entretenimento que os representem afetivamente de alguma forma. O fator sinaliza a importância de políticas públicas que ofereçam respaldo ao tema, como os movimentos sociais tem defendido a flexão de gênero no Plano Nacional de Educação que irá à votação no dia 22 de abril.

O debate de gênero e sexualidade pautado nas escolas

Lançado em 2010, é um filme que tem mais de 3 milhões de visualizações no YouTube falando sobre um adolescente cego (Guilherme Lobo) cuja rotina ao lado de sua melhor amiga (Tess Coelho) muda quando surge na escola um novo aluno (Fábio Audi), que termina despertando a sexualidade do protagonista e os ciúmes da menina. Com os mesmos atores, o longa amplia essa história e dá especial atenção ao núcleo de socialização que é o caminho entre a sala de aula e o pátio do colégio.

No filme, a questão do bullying entre colegas de sala pontua a história em vários momentos apresentando a dinâmica de funcionamento do ambiente escolar quando nem mesmo os professores são preparados para lidar com a questão. “Quando eu era representante de classe, ouvi de uma professora que ninguém ali precisava tratar do tema homofobia, porque eles sabiam que naquela escola não tinha nenhum ‘viadinho’, denuncia Matheus.

Os atores do filme, recém-saídos de seus respectivos colégios, falam da importância de se ter um filme no Brasil que lide com a sexualidade no sempre confuso ambiente escolar. O discurso é sóbrio e politizado: “Na escola, você não pode obrigar a pessoa a pensar nada, o que eu acho é que não custa nada indicar a forma ética de se pensar. Por exemplo, na aula de sociologia acho que caberia também começar a falar das pequenas conquistas dos grupos gays na sociedade. Até porque crimes homofóbicos são hoje um dos maiores crimes de ódio no país”, opina Jonas.

Matheus é ainda mais assertivo: “Devia haver sim matérias, ou tópicos dentro de matérias, abordando o assunto de diversas formas. Exemplo: pega uma aula e explica o que significa gênero. Que as coisas não são tão simples como menino e menina”.

A maior parte jovens que faz o importante boca a boca do filme, tanto do longa quanto do curta, são adolescentes que entenderam nesse roteiro um farol emocional para problemas que eles não viam ser espelhados em programas de TV como Malhação, série da Globo que em suas 21 temporadas nunca mostrou um casal adolescente gay.

 Carta Capital, com Redação