Presidenta da UNE lembra da ditadura em discurso; entidades tem novos atos programados para dia 7/4
Na noite do dia 31 de março de 2015, há exatos 51 anos do início das primeiras manobras do golpe militar que jogou o país em 20 anos de ditadura, milhares de pessoas lotaram a quadra dos Bancários, na região central da capital São Paulo, para a “Plenária Nacional dos Movimentos Populares por mais democracia, mais direitos e combate à corrupção”. O ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva participou do ato.
A presidenta da UNE, Vic Barros, lembrou o papel dos estudantes na “campanha pela legalidade”, quando em 1961 a entidade junto a outros setores da sociedade criou um movimento de resistência após a renúncia de Jânio Quadros contra os golpistas em defesa da posse do então vice-presidente João Goulart. Depois, a UNE e a UBES se tornariam duas das principais organizações perseguidas pela ditadura civil-militar, que derrubou Jango e perseguiu, torturou e assassinou líderes estudantis em todo o Brasil.
Vic destacou em seu discurso que no cenário atual da conjuntura os rumos da nossa democracia estão em disputa e tem um lado que não quer reconhecer o resultado soberano das urnas. A presidenta da UNE ressaltou a necessidade de uma frente democrática em defesa do Brasil e citou o poeta Carlos Drummond de Andrade “o presente é tão grande, não nos afastemos, vamos de mãos dadas”.
Ela ressaltou ainda que defender a democracia hoje é defender a Petrobras, a apuração de denúncias e combate à corrupção. “Estamos nas ruas para dizer mais uma vez que o Petróleo é nosso e que a Petrobras é nossa”, afirmou.
A estudante pontuou também que “defender a democracia é defender uma reforma política que acabe com o financiamento empresarial de campanhas e que aumente a participação popular nos processos de debate e decisão”.
O rapper GOG foi um dos convidados especiais do ato e alertou: “Temos de falar com as ruas, não batendo panelas, mas com nossas mãos calejadas. O movimento que fica parado dá dengue”, ilustrou. GOG fez um jogo de palavras que enalteceu o povo negro e a defesa da petroleira brasileira: “Nós somos o ouro negro. Nós somos a PRETObrás”, destacou.
O presidente da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Adilson Araújo, também falou de reforma política e afirmou que é preciso união. “Esse Congresso conservador esta aí apenas para levar a gente para trás. O que nos une é o fim do financiamento empresarial de campanha. Devemos mobilizar milhões pela campanha #devolveGilmar”, ressaltou.
Já o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, afirmou que é preciso fazer a defesa de um legado dos últimos anos que melhorou a vida da classe trabalhadora. “Tudo que nós faremos em prol dos nossos direitos, não aceitaremos nenhum retrocesso”, afirmou.
O representante do MST, Gilmar Mauro, convocou: “Não haverá tentativa de golpe neste País sem resistência de massas nas ruas. Não iremos para debaixo da cama, pois este é o nosso Brasil”. E cobrou do governo: “Nós sabemos que precisamos de ajuste, mas não sobre os direitos adquiridos dos trabalhadores. Precisamos de ajustes sobre o capital. Dizem por aí que o mercado costuma acorda nervoso. Pois eu quero que o mercado acorde nervoso pelos próximos 500 anos, porque enquanto isso os trabalhadores teriam casa e emprego”, disse.
O ex-presidente Lula defendeu o direito a manifestação, o debate e afirmou que o caminho é pela argumentação e a defesa do legado do governo progressista. “Tenho orgulho de saber que em 12 anos fizemos mais universidades, que fizemos mais escolas técnicas do que em uma vida toda. Eu tenho orgulho de ver a filha da faxineira virando médica”, afirmou.
De acordo com Lula “ninguém vai mexer na conquista democrática de um povo que elegeu um operário e uma mulher para a presidência da república. Não podemos abaixar a cabeça. Temos de defender nosso legado e manter o debate político, sem raiva de quem nos critica”.
Neste quarta-feira (1/4), exatamente 51 anos após o início da Ditadura Civil Militar no Brasil, entidades e movimentos vão se mobilizar em todo o país e nas redes sociais afirmando: Nenhum passo atrás, ditadura nunca mais!
No próximo dia 7 de abril os movimentos sociais voltam a se encontrar para realizar atos com objetivo de impedir a votação do Projeto de Lei 4330/04, da terceirização, e conscientizar a sociedade sobre o prejuízo que esse PL representa para a classe trabalhadora. Os atos também serão em defesa da democracia, dos direitos dos trabalhares, da Petrobras e das reformas política, agrária e da comunicação, além do severo combate à corrupção.
Em Brasília, os manifestantes pretendem ocupar o Congresso Nacional, a partir das 10h, para impedir a aprovação do PL 4330 que tira direitos dos trabalhadores, piora as condições de trabalho, saúde e renda; e protestar contra outros projetos como a PEC 352, uma proposta de reforma política que não atende aos anseios que as vozes das ruas esperam para mudar o sistema político eleitoral brasileiro com o fim do financiamento empresarial das campanhas, hoje uma porta aberta para a corrupção.
Redação da UNE