Manifestantes protestaram contra diversas formas de opressão
Neste sábado (04) centenas de pessoas percorreram as ruas de Curitiba para protestar contra o machismo, racismo, homofobia e outras formas de opressão na quinta edição da Marcha das Vadias do Paraná. A concentração teve início às 10h30 na Praça 19 de Dezembro e encerrou-se na Boca Maldita.
O ato foi composto por uma um diversidade de pessoas que não se intimidaram e usaram seus corpos como forma de protesto com frases como “Meu corpo, minha revolução”. Além disso, os manifestantes empunhavam cartazes e faixas, ao som de palavras de ordem contra todo tipo de opressão.
A edição deste ano foi “Vadias sabotando o Estado”, que se diferenciou na questão da abordagem e diálogo. “Com o tema da Marcha tentamos passar o informe que as mulheres devem ocupar os espaços de poder para sabotar o estado patriarcal, machista e capitalista”, afirma Camila Lanes, Presidenta da União Paranaense dos Estudantes Secundaristas (UPES).
A Marcha também criticou a frase pronunciada pelo presidente da Câmara do Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que declarou que “o aborto só será votado por cima do meu cadáver”.
Durante toda a manifestação foram realizadas intervenções em diferentes pontos da cidade chamando a atenção da sociedade para um determinado assunto. Próximo a Catedral de Curitiba, marco histórico da cidade, um debate contra a intolerância religiosa foi realizado, já na Rua XV de Novembro, principal via comercial do centro da cidade, mulheres trans se tornaram o foco do debate.
Outros temas como o extermínio das mulheres negras, aceitação do corpo, contra a redução da maioridade penal e a legalização do aborto também foram realizadas em outros pontos da cidade. “Somos contra a gestação sem consentimento. Não é obrigação da mulher gerar uma criança só para cumprir com uma velha tradição de procriação, que não respeita o direito de escolha de cada um”, diz Camila.
De acordo com Camila é muito importante que debates como esses aconteçam com mais frequência e também dentro das instituições de ensino. “Incluir esses debates nas escolas serve para conseguir destruir o machismo desde a raiz e nós sabemos que só por meio da educação que vamos conseguir por fim em todo tipo de preconceito e fazer a sociedade evoluir”, complementa.
O movimento surgiu no Canadá em 2011 após uma onda de estupros ocorridos na Universidade de Toronto, quando um policial convidado para orientar sobre segurança disse que as mulheres poderiam evitar o estupro se “não se vestissem como vadias”. Essa fala gerou indignação e diversos protestos que culminaram na primeira Marcha das Vadias. O movimento, que se espalhou pelo mundo, questiona a cultura de responsabilizar as mulheres em casos de agressão sexual.
Débora Neves, da Redação.
Foto: Rodrigo Gomes.