Em dez dias de mobilização, o Estado de São Paulo já tem mais de 78 escolas ocupadas na capital, região metropolitana e no interior – de acordo com o levantamento das entidades estudantis até a publicação desta reportagem nesta quinta-feira (19). A cada hora o número só aumenta.
O protesto é encabeçado por estudantes, com apoio de pais e professores, que não aceitam a “reorganização” imposta pelo governador Geraldo Alckmin, que quer fechar 94 escolas e afetar a vida 311 mil estudantes e 74 mil professores.
Em solidariedade estudantes de outros estados como Maranhão, Minas Gerais, Paraná e Bahia realizaram manifestações dentro de suas escolas e mandaram vídeos e fotos de apoio.
Jornalistas da UNE e da UBES estiveram nesta quinta-feira em três escolas ocupadas, a Caetano Campos da Consolação, no Centro da capital; a Professor Moacyr de Campos (Mocam) na Zona Leste e a Américo Brasiliense em Santo André.
“Eu já estou terminando, mas to fazendo isso pelos meus amigos que vão estudar aqui”, afirmou Gabriel Herrmann, de 17 anos, estudante do 3° ano da manhã do Caetano.
O movimento é espontâneo e os estudantes organizados pelos Grêmios ou de forma coletiva tem se mostrado protagonistas das ocupações, organizando as atividades, turnos de limpeza, segurança, cozinha e principalmente a comunicação de forma bastante democrática em assembleias. As entidades estudantis tem dado apoio, percorrido escolas, recolhido doações e oferecido assessoria jurídica.
Da Zona Leste até a Zona Sul, no Centro ou na região do ABC, o que se ouve dos estudantes é que a luta é pela melhoria da educação como um todo e contra o autoritarismo do governo tucano que não dialoga e nunca consulta a comunidade escolar para tomar suas decisões.
O objetivo da mudança decretada por Alckmin é dividir as escolas em ciclos únicos: ensino fundamental I, ensino fundamental II e ensino médio. Isto significa transferir estudantes para longe de suas casas, das escolas de seus bairros que eles muitas vezes estudaram a vida toda, separar irmãos, superlotar salas e demitir funcionários.
Terminou agora pouco uma Audiência Pública no Tribunal de Justiça do Estado sobre o tema. A pressão do movimento fez o secretário de educação do Estado de São Paulo, Herman Voorwald, cancelar a tentativa de reintegração de posse, bem como propôs a desocupação das instituições com a promessa de uma “suspensão” na reorganização.
Para as entidades estudantis está claro que se trata de uma tática para desmobilizar as ocupações e interromper a pressão que os estudantes paulistas estão fazendo. A Audiência será retomada na segunda-feira (23) devido ao feriado da Consciência Negra.
A sede das entidades estudantis ( Rua Vergueiro, 2485, Vila Mariana, próximo ao metrô Ana Rosa) tem recebido doações de alimentos e material de limpeza para as escolas ocupadas. Quem quiser pode doar pela internet através do site vakinha.com
Assessoria Jurídicas para as ocupações também são bem-vindas. Muitos estudantes e professores foram detidos pela Polícia Militar nos últimos dias por participarem das ocupações escolares em São Paulo. Advogados que desejam ajudar os estudantes podem procurar a sede das entidades estudantis.