Em luta nas ruas de Brasília (DF), a UBES realizou a cerimônia de posse de sua nova diretoria de forma inédita, em pleno ato da Jornada de Lutas da Juventude em defesa da democracia, que balançou a capital do país na tarde desta quinta-feira (31). Do alto do carro de som, o evento simbólico contou com intervenções dos secundaristas de diversos estados que comandarão a entidade nos próximos dois anos.
A ex-presidenta da UBES Bárbara Melo, que entregou o cargo a Camila Lanes durante o 41º Congresso em novembro passado, comemorou a nova formação da diretoria, que passa a ser composta majoritariamente por mulheres. “O desafio da nova gestão é não dar nenhum passo atrás. Esse mesmo espírito de luta que imprimiu a primeira derrota de Eduardo Cunha ao barrar a redução da maioridade penal agora deve ganhar mais força”, afirmou.
A secretária geral, Juliane da Silva, também foi enfática ao falar das tentativas criminosas de impeachment ao mandato presidencial de Dilma Rousseff, a primeira mulher a ocupar o cargo no Brasil. “A UBES representa o povo brasileiro, guerreiros que não permitirão nenhum golpe”, disse enfática.
Diversas faixas expressando a opinião dos estudantes contra a ditadura militar se espalharam pela multidão de jovens que marchou do Estádio Mané Garrincha rumo ao Congresso Nacional. A imagem do secundarista Edson Luís, primeira vítima pública dos militares, se destacou entre os símbolos de resistência a qualquer tentativa de repressão e golpe ao estado democrático.
“O dia 31 de março marcou a história do nosso povo, quando a ditadura foi instaurada, início de um mar de retrocessos. Hoje, nas ruas, estamos relembrando Edson Luís, nos manteremos em frente, sem dar nenhum passo atrás em nossos direitos”, exclamou o vice-presidente, Pedro Correia.
Rumando em marcha ao Congresso Nacional, ao lado dos trabalhadores, o ato de posse culminou em homenagem a Edson com milhares de balões soltos no ar.
“Sabemos o quanto a democracia nos foi cara, perdemos Edson Luís e tantos outros. Mas um golpe desses não passará novamente. Assim como conquistamos o voto aos 16 anos, não deixaremos que retirem o projeto de governo passando por cima da decisão de milhões de brasileiros”, falou Camila Lanes.
Anoiteceu, os estudantes ocuparam o gramado do Congresso com suas bandeiras e palavras de ordem ao som de “Não vai ter golpe, vai ter luta”.
Suevelin Cinti, da UBES.