Com paralisações, ocupação nas escolas, ato nas ruas, debates e aulas públicas, em todo Brasil, estudantes encabeçam nesta quarta-feira (5), o Dia Nacional de Mobilização contra o desmonte da educação. Em resposta à Medida Provisória, que pretende mudar o Ensino Médio de forma autoritária, os secundaristas organizam um calendário de manifestações comandado pelos grêmios estudantis, pela UBES e as centrais sindicais.
Nos Institutos Federais, uma série de debates foi promovida para tratar das principais bandeiras, entre elas a PEC 241 e a Lei da Mordaça. No Rio Grande do Norte, mais de seis campi do IF realizaram paralisações, entre eles o Natal Central, Parnamirim, Ceará- Mirim, João Câmara, Zona Norte e Macau. A perspectiva dos estudantes é que as ocupações permanentes – que foram iniciadas e interrompidas por conta das eleições -, retornem ao longo da semana. Relembre aqui.
Estudantes dos campi de Sarandi, Satuba, Penedo, Piranhas, Coruripe e Murici, do IF no estado do Alagoas, realizaram paralisação e fizeram debate sobre o posicionamento estudantil no dia de mobilização.
No Ceará, os estudantes do ensino técnico realizaram atividades no Juazeiro do Norte. Na Bahia, o campus Santa Inês; no Rio Grande do Sul, no campus Farroupilha, e em Minas Gerais, no campus Januária, a discussão da MP também foi o mote de luta.
Em contrapartida aos projetos autoritários apresentados pelo governo de Temer, que tenta impedir o livre debate nas salas de aula com a Lei da Mordaça – PLs que criminalizam o debate político nas escolas -, o Dia Nacional de Mobilização mostrou o potencial dos estudantes levarem o debate político para dentro da escola para que os jovens possam participar da política e entender o impacto que as decisões do governo repercutirão na educação.
Em São Paulo, no município de Sorocaba, 10 escolas foram paralisadas. Em Caraguatatuba, a escola técnica Alcides de Castro Galvão e o Instituto Federal Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia tiveram as aulas interrompidas para debater os riscos da MP que flexibiliza a grade curricular e desvaloriza o pensamento crítico.
Os estudantes da Escola Técnica (ETEC) de Osasco construíram assembleia estudantil para deliberar uma paralisação unificada seguida de ato. Os estudantes da Escola Técnica (ETEC) de Osasco construíram assembleia estudantil para deliberar uma paralisação unificada seguida de ato. Em Diadema, na região metropolitana de São Paulo , estudantes da E.E. Diadema estão organizando aula pública para os próximos dias.
Veja aqui: 5 motivos por que a UBES é contra a MP de reforma do ensino médio
No Espírito Santo, os secundaristas capixabas ocuparam as ruas em repúdio à exclusão das notas dos Institutos Federais da avaliação geral do ENEM 2015, divulgada na terça-feira (4). No ano passado, o IFES teve a melhor média de colégio público do país.
Acumulando forças, no Rio de Janeiro, rodas de conversa reuniram os secundaristas do colégio estadual Souza Aguiar, na capital.
No Paraná, os estudantes paralisaram escolas e tomaram avenidas em diversas regiões do estado. Na capital, Curitiba, 3 mil secundaristas foram às ruas; em Ponta Grossa e Londrina, contra a MP de Reforma do Ensino Médio. Ao todo, 7 colégios foram ocupadas em São José dos Pinhais.
Outras 8 escolas estão ocupadas em Brasília (DF) e em Goiás, totalizando um novo quadro de resistência secundarista com 15 colégios ocupados no país.
O mote de luta central do Dia Nacional de Mobilização contra o desmonte da educação protagonizado pelos estudantes é a resistência secundarista à PL da Lei da Mordaça, a PEC 241 e a MP da reformulação do ensino médio.
MP da Reformulação do Ensino Médio (746/2016): Por meio de medida provisória e sem diálogo, governo pretende fixar como disciplinas obrigatórias, apenas português, matemática e a língua inglesa. Matérias de extrema importância para formação do pensamento crítico, como filosofia, sociologia e artes deixam de ser obrigatórias segundo a medida provisória da reforma.
Lei da mordaça (867/2015): Em tramitação no Congresso Nacional e com a simpatia do governo ilegítimo de Michel Temer e do seu Ministério da Educação, Mendonça Filho, o ESP impõe quer eliminar o livre debate de questões como gênero, política, sexualidade e religião nas escolas sob o pretexto de fazer do ambiente escolar um espaço de discurso neutro.
PEC 241: maior ataque aos direitos sociais no Brasil. A proposta em tramitação no Congresso Nacional institui um novo regime fiscal que congela gastos nas áreas da educação, saúde e assistência social pelos próximos 20 anos.
Ao lado das centrais sindicais, os estudantes também defendem os direitos sociais e trabalhistas ameaçados pelo governo golpista de Michel Temer, em defesa da soberania nacional, contra as privatizações e a entrega do Pré-sal às multinacionais.