Virou rotina. Nos últimos anos, governadores e prefeitos têm se aproveitado do recesso e das férias escolares para jogar no alto a tarifa cobrada pelo transporte coletivo. E mesmo em tempos de crise, o poder público não poupa os bolsos da população. Entre o fim de dezembro e o começo de janeiro, o preço das passagens foi reajustado em 23 cidades brasileiras.
Mais uma vez, estudantes e movimentos sociais vão às ruas contra o aumento da tarifa de ônibus, trem e metrô em São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Um ato unificado está marcado para a próxima sexta-feira, dia 8 de janeiro, nas três capitais.
“Visto que a qualidade do transporte coletivo não é condizente com a tarifa, nos posicionamos contra o aumento e contra a maneira como ele foi feito, no início do ano e sem de fato analisar as demandas dos trabalhadores e dos estudantes”, diz Camila Lanes, presidenta da UBES.
Para ela, a população foi “pega de surpresa” pelo reajuste abusivo. “Em uma cidade enorme como São Paulo, em que muitas vezes o transporte coletivo é lotado e não leva o cidadão a qualquer canto, para o jovem estudante da periferia fica difícil o acesso livre à cidade e a espaços que são privilégio de uma pequena parcela da população”, continua Camila.
“Em BH, a tarifa já cresceu no ano passado e agora, de novo. A passagem da região metropolitana aumentou ainda mais. Estamos mobilizando os estudantes para tentar revogar este reajuste absurdo”, diz Luanna Ramalho, presidenta da União Estadual dos Estudantes de Minas Gerais. “O passe livre é uma luta histórica. Nos sentimos mais uma vez afrontados pela Prefeitura, que aumenta o preço da passagem e dificulta a locomoção.”
Na capital mineira, o ato tem início às 18h, na Praça Sete de Setembro, no Centro, e vai juntar esforços de toda a região metropolitana. Em São Paulo, a concentração começa às 17h no Teatro Municipal e, no Rio de Janeiro, a passeata parte da Cinelândia no mesmo horário.
Passe livre
Hoje, os estudantes da rede pública de ensino em São Paulo possuem passe livre, mas a medida é restrita ao calendário letivo. “O acesso à cidade não deve existir somente em determinados dias e horários. Lutamos pelo passe livre irrestrito, para termos o direito de estar em qualquer espaço que agregue conhecimento e cultura”, explica Camila.
A União Brasileira dos Estudantes Secundaristas e a União Nacional dos Estudantes historicamente se mobilizam a favor de um transporte público e de qualidade. Desde a Revolta dos Bondes, em 1956, as entidades estudantis lutam pelo passe livre e se posicionam contra os sucessivos aumentos no preço das passagens.