Para os estudantes de Goiás não há férias. As festas de fim de ano e a entrada de 2016 ocorrerram dentro das 24 escolas que seguem ocupadas desde o dia 9 de dezembro. O acampamento, que mescla mutirões de limpeza e aulas auto-organizadas, tem como objetivo protestar e impedir o ataque à educação pública promovido pelo governador Marconi Perillo que propõe conceder a administração de mais de 300 escolas públicas para Organizações Sociais (OS), além da ampliação de escolas militares.
Para os secundaristas, a proposta é feita sem diálogo e vai no sentido inverso da educação democrática e autônoma pautada pela juventude. Com apoio dos pais, professores e das comunidades, as ocupações têm se mantido pelo apoio voluntário e doações de alimentos. Nesta quarta-feira (6), um ato deve acontecer na Secretaria de Educação, em Goiânia.
“A Raquel Teixeira, secretária da Seduce, diz que está aberta ao diálogo, mas ela nunca foi falar com a gente, usa da mídia para manipular informações. Não perdemos tempo, já estamos melhorando a escola, construímos um muro de barro biodegradável perto da sala dos professores, capinamos o terreno e criamos uma horta. Nossos planos é pintar a escola”, afirma Julio Cesar, estudante do 2º ano do colégio Robinho Martins de Azevedo.
Com a conquista da negação da reintegração de posse, os estudantes permanecem mobilizados. Na escola de Julio, a ocupação acontece desde o dia 10 de dezembro e culminou com uma passeata em Goiânia na última segunda-feira (4). Houve repressão da polícia, que infiltrada, ameaçou os jovens com armas.
“Foi uma represália ao movimento. Estudantes foram agredidos por policiais que tentavam tomar nossas cadeiras e nos intimidar, mas permanecemos ocupando nossas escolas contra a militarização e a privatização”, ressalta Julio.
Confira a lista de escolas ocupadas:
Américo Borges de Carvalho
José Carlos de Almeida
Carlos de Pina
Cecília Meireles
Colu
Colévgio Estadual de Aplicação Professor Manuel Caiado
Colégio Estadual Costa e Silva.
Cora Coralina
Frei João Batista
Hertha Leyser Odwyerm
Instituto Educacional de Goiás
Ismael Silva de Jesus
Jad Salomão
José Ludovico de Almeida
José Lobo
Lyceu
Murillo Braga
Nova Cidade
Padre Fernando
Pedro Gomes
Presidente Castelo Branco
Polivalente
Robinho Martins de Azevedo
Villa Lobos.
OCUPAR E RESISTIR
Sob a palavra de ordem “ocupar e resistir”, a luta de Goiás é inspirada no movimento protagonizado pioneiramente em São Paulo. Os secundaristas deram uma verdadeira aula de democracia e organizaram a ocupação de 213 escolas contra a imposição da “reorganização” do ensino paulista imposto pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB). O protesto histórico dos estudantes saiu vitorioso, além de impedir o fechamento de 93 escolas, desencadeou uma verdadeira “Primavera Secundarista”, que tem inspirado novas ocupações em diversos estados.