Reafirmando o movimento da Primavera Secundarista, estudantes mineiros seguem ocupando suas escolas. Ontem (24), realizaram uma assembleia no Colégio Estadual Governador Milton Campos, o Estadual Central, em Belo Horizonte, para denunciar as ameaças que têm recebido e reivindicar providências das autoridades públicas.
Com a presença da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), o movimento estudantil revelou que tem enfrentado casos de agressões e tentativas de intimidação. Ainda de acordo com os secundaristas, em alguns momentos, a Polícia Militar recusou-se a registrar boletins de ocorrência.
A presidenta da União Colegial de Minas Gerais (UCMG), Késsia Cristina, relembrou os abusos de poder cometidos pela Polícia Militar. “Em algumas das escolas ocupadas, os alunos foram agredidos pela PM durante protestos. Muitos desses jovens também estão sendo hostilizados e ameaçados por colegas de classe que são contrários às ocupações”, denunciou.
Presidente da Comissão de Direitos Humanos da ALMG, Cristiano Silveira, que esteve presente na assembleia reiterou: “vamos cobrar providências das autoridades responsáveis. Os estudantes têm o direito de se manifestar e o Estado precisa garantir segurança a eles. O movimento estudantil está lutando pelo futuro do país, de forma pacífica, democrática e organizada”, afirmou.
Ainda em resposta aos frequentes casos de violência registrados contra o movimento estudantil, um encontro foi realizado na última quinta-feira (24) na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).
Junto à Comissão dos Diretos Humanos da ALMG, secundaristas encaminharam um requerimento ao Governo do Estado para que uma comissão de diálogo com as ocupações seja marcada, além de um encontro com o governador.
“Acreditamos que o diálogo entre as autoridades mineiras e as ocupações estudantis seja de extrema importância. Precisamos de mais apoio e proteção jurídica. É responsabilidade o Governo Estadual ouvir as reivindicações estudantis e posicionar-se contra a MP 746 e a PEC 55. Queremos que o governo nos ouça e tome suas posições” explicou a presidenta da UCMG.
Estudantes protestaram nas ruas do centro da capital mineira durante a manhã dessa sexta-feira (25). O Ato buscou fortalecer a luta pela derrubada da proposta de emenda constitucional 55, que irá destruir os serviços públicos brasileiros pelas próximas duas décadas e a medida provisória de ‘deforma’ do ensino médio, que retira do currículo obrigatório das escolas disciplinas essenciais à formação do pensamento crítico do jovem.
Movimentos sociais e trabalhadores uniram forças e construíram, junto aos secundaristas, uma grande manifestação que teve início na Praça 7 de Setembro, às 9h da manhã.
“A aprovação desta PEC representa um grande retrocesso para educação. Congelar os investimentos destinados ao setor do ensino é dizer que a escola continuará da forma como está por mais 20 anos e nós não queremos isso”, pontuou o presidente da União Municipal dos Estudantes Secundaristas de Contagem (UMES Contagem), Lucas Guedes.
Segundo Bruna Helena, vice-presidente regional da UBES e estudante do Estadual Central, atualmente o estado de Minas Gerais concentra pouco mais de 100 instituições de ensino ocupadas.
“O que tem mobilizado as escolas é a luta contra a PEC 55 e a MP de reforma do ensino médio, além da vontade da galera de continuar em estado de mobilização, indo para as manifestações de rua”, comentou a secundarista.
Presidente da UMES Contagem, Lucas Guedes, esclarece ainda outras pautas que têm mobilizado o movimento estudantil no estado. “Estamos reforçando a importância de termos mais cultura e mais esporte dentro das escolas. Seguimos defendendo a expansão do ensino técnico e o passe livre para os estudantes. Retomamos lutas que sempre fizemos para possibilitar a construção de uma educação que dialogue com a juventude e cumpra seu papel social”, disse.
Para discutir os próximos passos que irão compor a agenda do movimento estudantil, uma assembleia aconteceu na última terça-feira (22), na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Com a presença de cerca de 20 a 30 escolas do estado de Minas, além dos universitários, os estudantes debateram a caravana que irá até Brasília na próxima terça-feira (29). Ainda para o dia 1º de dezembro um grande ato está sendo articulado.
Fruto da criatividade secundarista, o Festival Unificado das Ocupas, que acontecerá nessa sexta-feira (25), no centro de Belo Horizonte, é uma das alternativas que os estudantes encontraram para arrecadar alimentos para as escolas que permanecem ocupadas.
O evento, que será realizado no Viaduto Santa Tereza, contará com apresentações culturais, como shows, além de intervenções artísticas.
Organizado pelo Erro 99, um coletivo de fotografias de BH, o Show de Likes é outra atividade que irá integrar o festival. Um dos organizadores, Bruno Figueiredo, explica a proposta:
“O Show de Likes é um duelo de ensaios fotográficos. Nessa edição, o tema a ser tratado são as ocupações Brasil afora. Dos ensaios que recebemos, sorteamos 16 para que eles se enfrentem, de dois em dois. Exibimos ao público que através de votação escolhe qual irá passar para a fase seguinte”, esclareceu.
O vencedor do concurso fotográfico será premiado com uma exposição de lambe-lambes, que serão espalhados pela cidade, escolas e universidades ocupadas. Para participar da atividade, basta inscrever seu ensaio fotográfico. >>Saiba mais aqui<<.