Em ação repressora, policiais invadiram nesta quinta-feira (27), em Chapecó (SC), a ocupação da escola Irene Stonoga com fuzis em punho. Sem motivo aparente, a ação foi manobrada pela direção escolar, que manteve os estudantes presos entre as grades do corredor até a chegada dos militares.
Os secundaristas que ocupavam a instituição desde a última terça-feira (25) contra medidas do governo que promovem o desmonte da educação – entre as pautas está a reformulação do ensino médio (MP 746), PEC 241, que prevê o congelamento de gastos em áreas sociais e a Lei da Mordaça -, contam que a direção junto aos policiais exigiu a presença de representantes estudantis e professores para uma conversa em particular.
De acordo com a estudante Clara Stempkowski, os momentos foram de muita tensão. “Foi muito assustador para nós, todos estávamos muito amedrontados, eu nunca havia visto uma arma daquele porte, não sabia o que fazer, fiquei tremendo por horas até conseguir me acalmar. Nós pedimos para que eles aguardassem nossos advogados, mas eles insistiram em manter aquela situação”, explica a jovem que participa da ocupação.
Os jovens contam que desde o início da mobilização a direção da instituição vinha tentando coagir os estudantes, na tentativa de impedir a organização do movimento. “A diretora ameaçou estudantes, afirmou que aqueles que participassem das ocupações seriam reprovados, iriam perder o ENEM e não poderiam fazer o vestibular. Ela disse ainda, que o Ministério da Educação (MEC), estava marcando o pessoal. Antes mesmo de fazermos assembleia ela nos pressionou psicologicamente”, denunciou o estudante Kauê Pablo.
Toda a ação foi documentada por estudantes, pais, professores e apoiadores da causa. Em vídeo é possível observar estudantes chorando e sendo consolados por professores através das grades do portão da escola. Além disso, é possível observar policiais caminhando entre os secundaristas com os fuzis em mãos. Assista abaixo:
Do ponto de vista legal, a ação da direção escolar foi arbitrária e completamente antidemocrática. É isso que explica o advogado Ramon Bentivenha, integrante do coletivo Direito para Todas e Todos, do Paraná, que presta assessoria jurídica de maneira voluntária aos estudantes. “Atuar com armas de fogo dentro das ocupações é um absurdo. No fundo, a atuação da polícia deveria ser para garantir que não houvesse um confronto em vez para entrar nos colégios com armas de fogo”, afirma.
Após os acontecimentos, a Secretaria da Educação de Chapecó afastou a diretora até o dia 31 de outubro. Já os estudantes, optaram por manter a ocupação em defesa das pautas nacionais.
Ações autoritárias contra as ocupações também aconteceram no Centro de Ensino Médio Dona Filomena, em Miracema, no Tocantins. Por iniciativa própria, o promotor de Justiça Vilmar Ferreira de Oliveira, convocou a polícia militar para agir com uso da força. Na ação, secundaristas menores de idade foram algemados e levados à delegacia da cidade.
O caso será investigado pela Corregedoria do Ministério Público Estadual.