Todos os anos, a Jornada de Lutas de Março homenageia os estudantes mortos pela ditadura militar Honestino Guimarães e Edson Luís, este assassinado em 28 de março de 1968. A jornada marca também o “desaniversário” do golpe militar de 31 de março de 1964, para que nunca se esqueça.
“Este ano, infelizmente, temos muitos motivos contra os quais lutar. Todas as principais ações do governo Temer apontam para precarização e privatização”, afirma Camila Lanes, presidenta da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES). “Para as escolas, estas ameaças são muito grandes”, acrescenta ela.
Em 2017, os primeiros eventos da Jornada são a marcha do Dia da Mulher, em 8 de março, e a Greve Geral da Educação, chamada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação e que reunirá várias entidades em 15 de março.
Os atos nacionais denunciam o congelamento de investimentos na educação por 20 anos, com a PEC do Fim do Mundo, a reforma do Ensino Médio que aumentará a desigualdade de oportunidades entre os jovens, e uma reforma da previdência que pode deixar os trabalhadores desamparados. A luta expõe ainda os riscos do Projeto Escola Sem Partido, defendido por segmentos conservadores para ameaçar a autonomia de professores e estudantes.
“O caminho para a resistência já é conhecido: povo nas ruas!” Assim a carta final do 3º Encontro Nacional de Grêmios convoca a juventude brasileira para a Jornada de Lutas de 2017. A resolução foi aprovada em plenária com a presença de mais de 1.200 líderes estudantis de todas as regiões, em janeiro, na Universidade Federal do Ceará (saiba mais).
Homenageados na Jornada de Lutas de Março, Edson Luís de Lima Souto e Honestino Guimarães foram estudantes mortos pela repressão da ditadura militar. O crime? Distribuir panfletos, organizar colegas e se manifestar nas ruas contra os retrocessos da Ditadura, que sucateou o ensino público brasileiro, torturou críticos e eliminou direitos básicos do cidadão, como a liberdade de expressão.
Aos 17 anos, o carioca Edson acabou morto numa invasão da Polícia Militar carioca ao restaurante Calabouço, onde secundaristas faziam reuniões. O assassinato, em 28 de março de 1968, desencadeou a Passeata dos 100 Mil no Rio de Janeiro, um dos maiores movimentos públicos contra o regime.
A data de morte de Honestino é desconhecida, pois o estudante de geologia e ex-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE) passou muito tempo desaparecido. Só em 2014 o Estado brasileiro reconheceu que assassinou o goiano depois de prendê-lo pela sexta vez, em 10 de outubro de 1972.