Nesta quarta-feira (5/7), o movimento estudantil e o movimento negro comemoram a adoção de cotas sociais e raciais pela Universidade de São Paulo (USP), decidida em reunião do Conselho Universitário.
As cotas raciais devem respeitar a proporção populacional de raça no estado paulista, que hoje é de 37,2%. Com crescimento gradativo, a reserva de vagas para escola pública será de 37% para 2018, 40% para 2019, 45% para 2020 e 50% a partir de 2021.
Explicamos porque esta medida é histórica:
Desde 2012, a Lei de Cotas (12.711) garante metade das vagas das faculdades federais para estudantes de escolas públicas, negros e pardos. Enquanto o acesso tem mudado a cor destes ambientes, a Universidade de São Paulo, mantida por todos os paulistas com dinheiro público, se mantinha resistente.
Outras medidas adotadas, como bônus no vestibular para estudantes de escolas públicas, mostraram-se pouco significativas para democratizar o acesso.
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A Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP) adotou um sistema de cotas em 2014 e a Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) aprovou no último dia 30/05 a criação de um sistema de cotas próprio. Só a USP ainda não tinha o sistema.
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Quem já entrou na USP pode perceber, com uma observação rápida, a falta de diversidade. Mas há também números: em 2015, apenas 18% dos calouros eram pretos e pardos. Em 2016, 17%. Entre a população do estado, são 37%.
Em 2012, o governo do estado já havia estabelecido que a diversidade da instituição fosse igual à da população, mas nenhuma medida até hoje conseguiu mudar o perfil dos estudantes.
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O Conselho de Graduação aprovou, em 22/7, uma proposta de cotas apenas para estudantes de escola pública. A exclusão de cotas raciais gerou revolta, um grande ato na USP e um abaixo-assinado, que contribuíram para pressionar a decisão final.
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Diversas pesquisas mostram que o desempenho dos cotistas é igual ou semelhante aos não-cotistas, mesmos nos cursos mais competitivos para ingressar. Veja esta análise feita na UFRGS e na UFMG.
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Os estudantes lutam por cotas em todas as universidades públicas há décadas! Mais uma vez, a história vem mostrando que os jovens estavam do lado certo da história.