Aproximar a produção acadêmica da realidade social brasileira é o objetivo do 5º Salão Nacional de Divulgação Científica, realizado pela ANPG (Associação Nacional de Pós-Graduandos), de 16 a 22 de julho, na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Estarão presentes centenas de jovens cientistas, de todas as regiões do país, responsáveis atualmente pelas pesquisas mais avançadas da universidade brasileira nas áreas das ciências exatas, humanas, biológicas, ambientais e tecnológicas.
O Salão da ANPG traz o tema “Os Impactos da Ciência na Sociedade”, contando com debates, um ato político contra o corte de recursos da área e pelas Diretas Já no Brasil, oficinas e uma extensa mostra de Ciência e Tecnologia que apresenta os trabalhos desenvolvidos pelos pesquisadores. São mais de 100 projetos que buscam soluções para a cura de doenças, a melhoria da vida nas cidades, a democratização do conhecimento, o esgotamento das matrizes energéticas, as práticas de ensino e convivência da diversidade no país.
Segundo a presidenta da ANPG, Tamara Naiz, doutoranda da Universidade Federal de Goiás, o Brasil não conseguirá superar o grave momento de crise política e econômica sem considerar a área da ciência: “O ultimo ano foi muito difícil pra ciência brasileira, tivemos desde a descaracterização do Ministério da Ciência e Tecnologia a cortes e contingenciamento no orçamento da pasta, que fizeram em 2017 com o pior orçamento das ultimas décadas. Isso leva à descontinuidade das pesquisas, precarização das condições de pesquisa e ameaça de corte dos direitos de quem está desenvolvendo pesquisas para o benefício de toda a sociedade”, afirma.
O evento, que acontece paralelamente ao 69º Encontro da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), trará cinco mesas redondas com especialistas sobre temas como “Os impactos da ciência na sociedade”; “A Avaliação no Sistema Nacional de Pós-graduação”; “O papel da avaliação na redução das assimetrias no SNPG e na ciência brasileira”; “Desafios da Educação Superior no Brasil e na América Latina” e “Academia, Assédio e Adoecimento na Pós-Graduação”. Além disso, no Salão será realizado o 17º Encontro Nacional de Jovens Cientistas da ANPG com o tema “Como atrair jovens talentos para a ciência brasileira?”
Foram selecionados mais de 110 trabalhos, principalmente nas áreas de ciências sociais, humanas, sociais aplicadas e educação, ciências da saúde, ciências da terra, engenharia fármaco e natureza. A variedade de trabalhos na mostra contribui para o debate dos impactos da Ciência e Tecnologia na sociedade, como diz Gabriel Nascimento, coordenador da Mostra de Ciência e Tecnologia. “A Mostra tem muito a contribuir no papel do Salão como um todo, pois traz o debate qualitativo das pesquisas em andamento. A proposta da mostra é justamente ter essa interlocução do impacto na academia e também sociedade”, afirma.
Entre os mais de 100 projetos apresentados na mostra científica da ANPG, alguns tem relação direta com a cidade de Belo Horizonte, como o trabalho “Cracolândias e Desorganização Social: Circuitos de Consumo de Crack no Bairro Lagoinha, Região Central de Belo Horizonte”. Outros trabalhos pautam os direitos humanos, caso do projeto “Corte Interamericana de Direitos Humanos: Análise dos Impactos do Caso Brasil versus Maria da Penha”.
A Associação Nacional de Pós-Graduando (ANPG) é a entidade representativa dos pós-graduandos brasileiros. É a ponta nacional de uma rede de APGs (Associações de Pós-Graduandos) locais que estão espalhadas ao longo de todo território nacional. É também a 99ª entidade científica filiada à SBPC.