O pesadelo dos estudantes foi tema de um dos debates do 1° Encontro LGBT da UBES, na tarde desta segunda-feira (30). A mesa sobre bullying reuniu o advogado Marcelo Jeronymo, o vice-coordenador da Articulação Brasileira de Jovens Gays, Tanino Silva, a 1ª Diretora LGBT da UNE, Daniela Veiga, e uma das fundadoras da Liga Brasileira de Lésbicas, Silvana Conti.
A sala lotada do campus do Pici, na Universidade Federal do Ceará (UFC), reafirmou a importância de se discutir o tema dentro das salas de aula.
Uma pesquisa realizada em 2016 por organizações não-governamentais revela que 73% dos adolescentes brasileiros gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros sofrem bullying, além de pelo menos 37% já terem sido vítimas de violência física.
O estudo denuncia a urgência de políticas públicas para acabar com o Bullying e incentivar o acolhimento da comunidade LGBT no ambiente escolar. Segundo Tanino, “Com a retirada do debate de ideologia de gênero do PNE (Plano Nacional de Educação), os professores estão se recusando a falar sobre o assunto e o pior é que nós estudantes não estamos cobrando dos Grêmios e das diretorias das escolas um posicionamento diferente do que o governo impõe”.
A primeira travesti a conquistar um cargo na gestão da União Nacional dos Estudantes (UNE), também deixou sua valiosa contribuição. Para Daniela Veiga, “A nossa educação é branca, magra, heterossexual, de classe média e católica, tudo que foge a essa normalidade sofre bullying. Vocês estão no lugar que há muitos anos atrás eu estava, mas hoje estou na universidade e ocupo um cargo na UNE, a primeira travesti nos 80 anos da entidade.”
Ao fim do debate, a voz dos estudantes foi ouvida. Para a Presidenta do Grêmio Abre Alas (do colégio Estadual Central em Belo Horizonte), Daniela Nunes de Moura, “a própria escola prefere excluir o adolescente homossexual em vez de tratar a respeito do assunto”.
Por Amanda Macedo, de Fortaleza