Limite de gastos públicos, reforma do ensino médio e projeto Escola Sem Partido foram alguns dos temas debatidos no 55ª Congresso da UNE, entre 14 e 18 de junho, que tocaram em questões essenciais para se entender o Ensino Médio brasileiro atualmente.
Camila Lanes, presidente da UBES, participou da mesa “Escola Sem Partido X educação emancipadora”, com a vereadora Sâmia Bomfim (PSOL SP), a deputada Manuela D’Ávila (PCdoB), a secretária de Educação de Minas Gerais Macaé Evaristo e o professor da UFRJ Josué Medeiros.
Para ela, o projeto, apesar de se colocar como neutro, persegue o pluralismo de ideias e confunde educação escolar formal com a educação a ser recebida pelos pais. Entre outras coisas, o Escola Sem Partido quer limitar aprendizados que não sejam consenso entre as famílias, impedindo que jovens conheçam outras culturas.
A líder secundarista defendeu o contrário: “Os secundaristas acumularam uma experiência muito rica nas ocupações de mais de mil escolas e a luta por uma educação emancipadora é presente no Brasil. No próximo semestre vamos precisar nos unir e se for preciso ocupar tudo de novo. O Temer nos teme, mas nós não tememos o Temer”.
A militante secundarista do Paraná Ana Júlia Ribeiro, uma das vozes das ocupações que se espalharam pelo país contra a PEC 55, foi convidada do Conune na mesa “PEC 55, Plano Nacional de Educação e financiamento de educação pública”. Ela citou a meta 6 do PNE, que trata da implementação do ensino integral de qualidade, e comparou com o ensino integral previsto na “deforma do ensino médio” de Temer. Segundo ela, sem orçamento necessário, a educação com mais horas por dia nunca será a exigida pelo PNE. Ou seja, aumentar o número de horas de permanência na escola, mas não aumentar a verba, não fecha a conta.
A mesa “Base Nacional Curricular Comum, reforma do ensino médio e a licenciatura” também tocou no assunto. Estava presente o deputado Reginaldo Lopes (PT), relator do projeto original da reforma, que chamou atenção para a falta de verba para oferecer um ensino mais caro que o atual. Ele afirmou:
“O que está em jogo agora, de forma conduzida pelo mercado financeiro, é o discurso de que a Constituição não cabe mais no orçamento público brasileiro”
O 55º Congresso da UNE, realizado em Belo Horizonte, terminou neste domingo (18) com a eleição da nova presidenta, Julianna Dias. Foram cinco dias com 36 mesas de discussão, oficinas, atividades culturais, passeata e uma grande plenária. Participaram 15 mil estudantes de todo o Brasil. O próximo grande encontro do movimento estudantal acontecerá em novembro, com o Congresso da UBES. Logo, o site da UBES trará mais informações.