“Eles colocaram como se os jovens estivessem ali por interesse próprio, e não pela defesa da merenda de toda a população escolar do estado. Eles permaneceram ali justamente porque deputados estavam prejudicando a população, e não trabalhando por ela.”
Para Emerson Santos “Catatau”, presidente da União Paulistana dos Estudantes Secundaristas (UPES), a ocupação da Alesp foi histórica para denunciar à sociedade um dos maiores escândalos de corrupção na escola pública dos últimos tempos.
Segundo delatores na operação Alba Branca, a máfia da merenda comprava suco de laranja superfaturado para escolas de São Paulo da Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar (Coaf), que na verdade vendia produtos industrializados e pagava propinas para políticos do PSDB.
Com a mobilização dos estudantes, os deputados abriram uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para o assunto, que foi acompanhada pelos jovens. Catatau afirma:
“Mesmo com um relatório final que não puniu de fato os políticos envolvidos, pois o governo do PSDB tem maioria da bancada, os secundaristas foram responsáveis por expor a máfia da merenda. A partir da ocupação da Alesp, todo mundo sabe que não é normal faltar merenda nas escolas do estado de São Paulo. Se isso ainda existe, é porque ainda há ladrões de merendas soltos e é preciso que a gente continue travando esta luta.”
A operação do Ministério Público sobre o caso ainda não apresentou relatório final.
A advogada Thais analisa que este tipo de processo judicial, como o movido pela Alesp, visa, na verdade, criminalizar as organizações sociais, dentre as quais está o movimento estudantil. “Veja quantos manifestantes acabaram presos nos últimos protestos, por exemplo. Houve gente punida até por fazer greve, o que ainda é um direito do trabalhador”, observa.
Catatau indica resistência: “Contamos com apoio de vários setores da sociedade, naquele momento, e aprendemos uma lição. A gente não vai se silenciar. Daqui pra frente, é continuar resistindo e travando a luta justa pela educação pública de qualidade”.