Estudantes, trabalhadores, crianças, idosos, todos presentes na tarde desta quarta-feira (24), na praça da República, em São Paulo, no ato em Defesa da Democracia e do direito de Lula ser candidato.
Mais de 50 mil tomaram a praça em um ato de cerca de três horas e contou com falas de parlamentares, representantes de entidades estudantis e de movimentos sociais, lideranças indígenas e de centrais sindicais. As artistas Ana Cañas e Preta Rara também foram manifestar seu apoio ao ato.
O presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), Pedro Gorki, falou de cima do carro de som, e lembrou que os estudantes estão do lado certo da história. “Sabemos que estamos do lado certo da história porque somos herdeiros de Edson Luis, Helenira Resende, Honestino Guimarães. Dos camaradas, dos companheiros que deram sua vida em nome da democracia. Há uma canção nordestina que diz que somos madeira de lei que cupim não rói”.
A presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), Marianna Dias, também participou do ato e disse que é “necessário desmascarar a face do estado de exceção que criminaliza e condena um homem sem provas”. “Eu carrego nas costas a responsabilidade de uma entidade de 80 anos, que enfrentou os tempos árduos no nosso país e que tem a mesma coragem daqueles que enfrentaram a ditadura militar para nos posicionar e enfrentar o que for preciso para a Democracia no nosso país não ser assassinada”.
Os professores também foram representados na fala da presidenta do Sindicato dos professores do ensino oficial do Estado de São Paulo (APEOESP), a Bebel Noronha. “É importante como professora dizer nós fazemos toda a nossa luta específica, mas ela faz sentido se mudarmos a realidade do país e isso passa por mudar esse estado neoliberal que retira direitos da classe trabalhadora”.
Em muitas falas foi ressaltado que a condenação do ex-presidente em segunda instância hoje no TRF-4, sem a apresentação de provas concretas, fere a constituição cidadã de 1988 e fragiliza ainda mais o Estado Democrático de Direito.
“O que está em jogo não é só o direito humano do Lula ser candidato, mas é o direito do povo escolher seu presidente”, disse o ex-ministro da Defesa, Celso Amorim, presente ao ato. “A mesma luta que trouxe o povo brasileiro para derrubar a ditadura, pela Diretas Já, essa mesma luta se faz agora necessária nessa mobilização. E é animador que quanto mais eles fazem, mais cresce a nossa mobilização”.
O líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, classificou o resultado do julgamento de Lula como uma farsa. “Hoje, aconteceu uma farsa em Porto Alegre, três cidadãos condenaram sem conseguir apresentar uma prova concreta contra Lula. Essa farsa não faz com que as coisas terminem aqui. A lição do dia de hoje é que eles ultrapassaram a linha vermelha, passaram do limite, e sempre que o andar de cima fecha as portas da Democracia, temos que abrir as portas das ruas . É preciso permanecer na ruas para dar a resposta”.
Após tensa expectativa, o ex-presidente Lula sobe ao caminhão de som e comenta sobre o resultado da votação de sua condenação: “Eu nunca tive nenhuma ilusão com o comportamento dos juízes da lava jato, porque houve um pacto do poder judiciário e da imprensa, que resolveram acabar com o PT e com a nossa governança”.
Após o ato, as milhares de pessoas presentes seguiram rumo à Avenida Paulista, apesar da ameaça da polícia militar de que os manifestantes não poderiam seguir em marcha. A manifestação seguiu pacífica até o MASP, onde se dispersou.
“Eles podem prender o Lula, mas as ideias de o povo poder ter uma vida melhor já estão nas cabeças da sociedade brasileira. Isso eles não vão conseguir condenar e prender”, finalizou Lula em seu discurso.
Por Natasha Ramos