“É emocionante estar tomando posse e retomando a entidade da minha cidade exatamente no dia em que Edson Luís morreu lutando por nossos direitos, 50 anos atrás”, disse Vitória Ribeiro, nova presidenta da União Niteroiense de Estudantes Secundaristas (UNES), no último dia 28 de março, durante a Jornada de Lutas da UBES.
Apesar do meio século de distância, ela avalia que continua parecida a resistência por melhores condições para os estudantes da cidade e do país: “Quando pedimos mobilidade, quando pedimos passe livre hoje, estamos falando da mesma coisa que Edson Luís, quando se manifestava por melhor alimentação, por assistência estudantil, lá em 1968”.
A entidade secundarista de Niterói foi refundada depois de cinco anos inativa. Primeiro fundador da UNES, em 1989, Carlos Marcelo foi um dos participantes da cerimônia, no Instituto de Educação Professor Ismael Coutinho (IEPIC), assim como outros dirigentes antigos. Ele falou sobre a importância dos jovens não abandonarem a política e citou os protestos após a morte da vereadora Marielle Franco (Psol-RJ), que também mobilizaram a Jornada de Lutas:
“A gente lutou pela participação democrática durante a ditadura e, se a gente não estiver aqui, organizados politicamente, Marielles vão continuar morrendo”.
Vick, como é chamada a nova presidenta, diz sentir o peso que é ser uma garota negra que luta num país onde Marielle foi morta. “Com cada menina parecida comigo que morre, eu morro um pouco também. A gente vê que a meritocracia não funciona como dizem, dá medo”, confessa. Mas nem pensa em desistir.
Willamy Macedo, diretor da UBES, ressaltou que o governo brasileiro pós-golpe de 2016 tem demonstrado interesse em sucatear a educação pública: “A gente está aqui para lutar contra este projeto”.
No final, como homenagem a Edson e Marielle, ao invés de um minuto de silêncio os estudantes fizeram um minuto de bastante barulho.
Muitos políticos, vereadores locais e até o prefeito de Niterói, Rodrigo Neves (PDT), já passaram pela UNES. Alguns deles participaram do ato de refundação, como Carlos Mário (PT) e Leonardo Giordano (PCdoB). A prefeitura, por meio da coordenadoria de juventude, também saudou a organização.
A Jornada de Lutas também reivindicou a defesa da educação pública, do ensino técnico, à democracia nas escolas, o combate às opressões e se multiplicou em atos, debates e encontros por todo o Brasil.