Enquanto o poder financeiro do mundo se encontrava em Davos para o 42o Fórum Econômico Mundial, nesta terça-feira (23), do outro lado do oceano lideranças progressistas se reuniram em Porto Alegre para contrapor esta balança mundial, lembrando que os povos e os direitos devem pesar nas prioridades e decisões.
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O ato preparatório do Fórum Social Mundial foi definido ano passado, mas ganhou novo significado e virou histórico ao coincidir com a cidade e a data do julgamento do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva em segunda instância, pelo TRF-4. Os participantes, como a deputada Manuela D’ávila (PCdoB) e Guilherme Boulos, do MTST, associaram o FSM com o direito de Lula ser candidato.
Além deles, participaram do Ação Global Anti Davos senadores como Roberto Requião (PMDB-PR) e Paulo Paim (PT-RS), deputadas como Alice Portugal (PCdoB-BA), a presidenta da UNE Marianna Dias e outros representantes de movimentos sociais sociais. O auditório da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul ficou lotado de gente de todos os cantos do Brasil presentes em Porto Alegre.
Para Guilherme Boulos, do MTST, foi oportuna a ação do FSM na ocasião do julgamento: “Estão juntas as lutas por democracia e por direitos. E esses dois pilares têm sido feridos no País, pelo golpe que tirou Dilma Rousseff para colocar uma quadrilha no lugar”. E ainda frisou: “O julgamento desta quarta (24) é a continuidade do golpe”.
Ele teve uma das falas mais aplaudidas do dia ao apontar o povo nas ruas como única saída, em Porto Alegre e pelo Brasil. “A mesma justiça que ignora malas de dinheiro e gravações de Temer diz que não podemos marchar na avenida Paulista, em São Paulo. Mas vamos marchar, sim. É este o caminho daqui pra frente. Se fecham a porta, precisamos de força para arrombar e garantir a democracia”.
Muitos lembraram que a chegada de Michel Temer à presidência do Brasil está associada ao poder de ideias defendidas pelo Fórum Econômico Mundial. “A tal ‘Ponte para o futuro’ trouxe a proposta do capital financeiro, com precarização do trabalho e fim da previdência”, disse o senador Requião. Para ele, o capital também domina a maioria do Congresso Nacional, pelo que chamou de “financeirização das campanhas”.
Das 17 edições do Fórum Social Mundial, desde 2011, metade aconteceu em Porto Alegre, inclusive a primeira. “Bonito ver, tantos anos depois, Porto Alegre cheio de homens e mulheres que querem outro mundo”, saudou a deputada gaúcha Manuela D’ávila (PCdoB).
Ela falou da esperança que tomou conta da cidade em 2001 e lamentou que seja palco da “judicialização
da política”. “Os Fóruns Sociais nos inspiram a acreditar que nosso País pode ser protagonista desse sonho de projeto, e não coadjuvante de um sistema que explora. Lula deve continuar sendo protagonista também”, afirmou a deputada.
Marianna Dias, da UNE, também citou a relevância de Porto Alegre para os movimentos sociais e lembrou que as entidades estudantis mudaram sua sede para a cidade, como na campanha da legalidade de 1961. “Falaram que não podíamos nos manifestar aqui e que seríamos poucos, mas acho que podemos sim chamar Porto Alegre de capital da democracia”, terminou.
Por Natália Pesciotta, de Porto Alegre