Ester de Oliveira, Gabriel Chab e Luan da Silva representam um pouco da diversidade de rostos, origens e CEPs que compuseram o 4º Encontro Nacional de Grêmios, entre 6 e 10 de fevereiro, em Salvador, integrado à Bienal dos Estudantes. Apesar das diferenças, os três têm muito em comum: acreditam no próprio protagonismo para melhorar sua escola e país.
Eles chegaram em Salvador na mesma semana em que uma nova “Lei da Mordaça” (PL 246/19) era apresentada na Câmara dos Deputados, com um artigo que propõe explicitamente cercear atividades dos grêmios estudantis. Enquanto isso, trocaram experiências com milhares de jovens do país inteiro sobre a importância do grêmio na sua escola e na sua vida.
A Ester criou um projeto de roda feminista na sua escola, no interior de Santa Catarina, mas não tinha ideia de quanta gente como ela, a fim de fazer algo pela sua escola e colegas, existe pelo Brasil. Isso até chegar no 4º Encontro Nacional de Grêmios, em Salvador.
Na verdade até pegar o ônibus em Palhoça (SC): “A gente já começa a aprender e conhecer outras histórias quando entra no ônibus. Conheci muita gente com desafios e vontades parecidas, vamos poder nos ajudar. Viajamos por três dias, mas valeu à pena!”.
Filha de cabeleireira, a paranaense é a primeira de sua família a sonhar com um diploma no ensino superior. Um não, dois. “Quero fazer Pedagogia e depois Serviço Social”, planeja. Por enquanto, cursa o segundo ano do Ensino Médio na Escola de Educação Básica Governador Ivo Silveira, onde é vice-presidenta do grêmio.
O que mais impressionou Gabriel Benvenutti Chab na Bienal dos Estudantes foi o Encontro Nacional de Negros e Negras da UBES (ENNUBES). “Aquilo foi bem impactante para mim, me fez pensar bastante”, diz o gaúcho. Loiro e de olhos azuis, ele conheceu no evento a existência da Lei de ensino da cultura e história afro nas escolas. Apesar de aprovada em 2003, a legislação não foi aplicada durante sua educação.
Pela primeira vez no movimento estudantil e também na Bahia, o estudante de 18 anos conseguiu conhecer o Pelourinho e o Rio Vermelho e ainda foi a todas as atividades do evento. “Superou muito minhas expectativas. A Bienal me fez ser uma pessoa melhor, mais interessada com o país e a política”, reflete.
Luan da Silva já é veterano em encontros estudantis, apesar dos seus 18 anos. Ele organizou uma caravana de São Lourenço da Mata (PE) a Salvador porque acredita na união estudantil para enfrentar agendas fascistas. “Dividir experiências com pessoas de outros estados é muito importante para a construção social e política do nosso país”, completa.
Orgulha-se de ter se formado em 2018 numa escola estadual que tem auditório e biblioteca em funcionamento graças à luta do grêmio, presidido duas vezes por ele.
Assim como Ester e Gabriel, Luan planeja seguir para o ensino superior, mesmo no país onde o ministro da Educação, Ricardo Velez, afirma que “a ideia de universidade para todos não existe”. “O sonho de todo secundarista é se tornar universitário”, desmente o pernambucano.
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