Falta de acesso gera desinformação que gera exclusão. Já está na hora da juventude ter pleno acesso à internet, né? Neste momento em que as diferenças de acesso ficaram gritantes, a UBES, a UNE e a ANPG lançam a campanha “Internet Para Geral”. A ideia é mostrar como a falta de acesso afeta o desenvolvimento dos estudos e da cidadania, em diferentes níveis. Além de, claro, cobrar medidas e soluções para acabar com estas distâncias entre estudantes online e offline.
No vídeo de lançamento da campanha publicado nas nossas redes sociais, é possível perceber que a realidade dos estudantes, principalmente da escola pública, é muito diferente do que pensa o ministro da Educação, Abraham Weintraub em sua bolha ideológica.
Um estudo mostra que as escolas brasileiras que têm computadores sofrem com conexões lentas e pouco viáveis para desenvolver atividades. Mas o problema ultrapassa os muros da escola e vai muito além disso, pois cerca de 30% dos lares brasileiros não têm acesso à internet, segundo a pesquisa TIC Domicílios de 2019. Na área rural, 56% estão desconectados.
“O MEC diz que nós precisamos estudar da onde a gente estiver, então como fazemos agora nesse momento de pandemia, que as pessoas não têm acesso à internet?”, questiona a estudante e presidenta da UBES, Rozana Barroso.
Ela explica que é preciso ampliar investimentos na área tecnológica para a educação pública, pois essa exclusão digital também é financeira. Afinal, os estudantes mais pobres sofrem por não ter internet em casa e, quando têm, o acesso é só pelo celular. Isso quando a qualidade da conexão permite, pois quanto mais longe dos centros urbanos, maior a dificuldade no sinal.
A Organização das Nações Unidas (ONU) considera que o acesso à internet é um direito humano. Portanto, em pleno século XXI, quem não tem esse acesso é impedido da plena cidadania, o que ficou ainda mais evidente com o isolamento social. Muitos estudantes têm dificuldade de acompanhar as aulas a distância ou se inscrever para o Enem, por exemplo.
“Isso deve ser um direito básico de todos, não dá pra ignorar essa situação tão desigual. O caminho para a democratização da internet deve ser pela inclusão digital”, completa Rozana.
São importantes medidas e soluções para vários tipos de exclusão que afastam estudantes da sua cidadania. Entenda como isso acontece:
📵 Uma delas é a exclusão instrumental: há falta de computadores e equipamentos tecnológicos impedindo um ensino com maior qualidade e dinâmica.
🔇 Outra é a exclusão infraestrutural que acontece com os estudantes rurais e indígenas. Por não estarem nos grandes centros urbanos, são excluídos da conexão à internet por falta de infraestrutura como cabeamento, sinal ou transmissão.
❓ Já a exclusão cognitiva é a falta de compreensão de como funciona a internet, pela precariedade das condições estruturais. Assim o estudante não sabe como buscar um conteúdo num site de pesquisa, por exemplo.
⚠️ E na exclusão institucional, os estudantes são impedidos de saber ou ter seus direitos por falta de acesso. Muitos jovens acima de 16 anos perderam o prazo de emissão do título de eleitor neste ano de eleições municipais. Por conta da quarentena, não foi possível procurar um cartório eleitoral presencialmente e o pedido foi feito de forma on-line.
O mesmo aconteceu com a inscrição do Enem 2020, mesmo com a mobilização do movimento estudantil pelo #AdiaEnem e pela prorrogação das inscrições. Há quem não tenha nenhum tipo de acesso e foi impedido de exercer seus direitos.