Por Uelinton Jorge e Adriele Andrade, diretores LGBT da UBES
A escola é espaço de construção de pensamentos, ideias e muitas vezes de descoberta dos jovens, quanto as suas emoções, sua orientação sexual, seus sentimentos e sua expressão de gênero. Na escola, nem todos convivem de forma plena com suas diferenças e toda a beleza que existe em ser quem somos e como somos, para LGBTs pode-se resultar em bullying, em muitos casos com agressões e constrangimentos. Muitos estudantes LGBTs vivenciam diariamente ataques físicos e psicológicos que refletem a realidade da sociedade heterocisnomartiva e muitas vezes LGBTfóbica, carregando essa intolerância estrutural para dentro das instituições de ensino.
A falta de políticas educacionais adequadas para lidarem com as especificidades de cada estudante causa consequências irreparáveis. Muitos desses estudantes, por um esgotamento psicológico, acabam abandonando as escolas. Essa realidade é ainda mais latente entre transexuais e travestis que já são marginalizades pela sociedade e muitas vezes são expulses de suas casas, e encontram a mesma falta de acolhimento dentro das escolas, abandonando os estudos e não conseguindo se inserir no mercado de trabalho e tendo pouquíssimas oportunidades de entrarem nas universidades.
O governo Bolsonaro, vem fortalecendo ainda mais o discurso de ódio, de intolerância e marginalização dos LGBT, legitimando a crescente e violenta onda opressiva dos mesmos – que já era muito preocupante – e que nos últimos dois anos vem aumentando. Foi criada em sua campanha no ano de 2018 uma oposição a abordagem de gênero na Educação nomeada erroneamente de “ideologia de gênero”, fortalecendo uma falácia de “doutrinação sexual” que não existe, mas que toma o imaginário social e reforça uma onda conservadora, dando passos contrários aos avanços que estavam sendo conquistados na educação.
A pandemia do COVID-19 traz a tona todas as desigualdades pelas quais os estudantes LGBTs passam todos os dias, não conseguindo ter acesso às estruturas tecnológicas, em sua maioria não tem nem acesso a internet e nem um lugar para estudar, alguns nem um lar tem, e diante do momento atípico que estamos vivenciando sequer conseguem ter acesso às atividades remotas, que consideramos excludente, aumentando ainda mais a evasão dos estudantes LGBTs das escolas. Além disso, escancara as violências sofridas dentro de casa por esses estudantes que precisam se portar de forma diferente dentro de suas casas LGBTfóbicas.
Os estudantes assumem um papel de extrema importância na luta contra a LGBTfobia, fortalecendo os laços de empatia e respeito, ocupando os grêmios estudantis, fazendo debates importantes na construção das igualdades de sermos quem somos, e amarmos quem amamos, combatendo as agressões, os opressores e, resistindo. É preciso incentivar espaços de discussão LGBT dentro das escolas para ampliar nossa luta, organizando atividades dos grêmios que incentivem o acolhimento a nossa população. Nenhum LGBT pode ficar para trás! É preciso garantir o nosso direito à diversidade e inclusão, principalmente nesse período de atividades remotas.
A nossa luta é por uma educação que carregue todos os anseios das nossas juventudes, que respeite a diversidade, e que preze pela inserção de todes nas escolas, nos institutos federais e nas universidades, para que assim tenhamos uma construção de conhecimento, mais produções ciêntificas e avanços culturais com nossas caras e cores, representando nossa diversidade.