Tá tudo bem? É até difícil responder esta pergunta ultimamente, mas precisamos falar mais sobre isso. Diante de tantas preocupações e indefinições colocadas com a pandemia do novo coronavírus, a saúde mental de estudantes tem sido um ponto de atenção, estudo e cuidado.
Para a UBES, a contratação de profissionais de psicologia deve fazer parte do tão falado “protocolo” de volta às aulas presenciais. Apesar de pouco comentada, a presença desta categoria nas escolas é determinada pela Lei 13.935/19, uma conquista recente que precisa ser cumprida até dezembro.
O mestre em Psicologia Médica Bruno Sini Scarpato, membro do Centro de Promoção de Esperança e Prevenção do Suicídio da Unifesp, concorda que psicólogos nas escolas poderiam contribuir bastante no contexto atual – e também após a pandemia! Com ajuda dele e opinião de outros profissionais, respondemos algumas perguntas sobre o assunto e sobre como tentar cultivar saúde mental.
Ainda não há levantamentos conclusivos no Brasil, apesar de algumas pesquisas estarem sendo feitas. O psicoterapeuta e pesquisador da Unifesp Bruno Scarpato lembra que “estudos dos primeiros países a enfrentar a epidemia, como China e Itália, apontam aumento de insônia, estresse e outros sintomas de depressão e ansiedade na população geral, com maior proporção nos pacientes psiquiátricos”.
Ele cita agravantes específicos para estudantes brasileiros, como as dificuldades para o ensino a distância, as discrepâncias entre escolas da rede pública e privada, além das incertezas em relação às avaliações para entrar nas universidades. Segundo o psicólogo, quem teve na família casos de doença ou crise financeira precisa ter uma atenção especial. (Confere na última pergunta!)
O psicoterapeuta Bruno Sini Scarpato acredita que isso ajudaria muito na identificação precoce de casos, tanto de professores quanto de estudantes.
Ele destaca o que muitos chamam de “custo pandemia”: com as necessárias medidas de isolamento, aumentaram casos de violência doméstica e agressão verbal. Tudo intensificado por estresse agudo gerado pelo desemprego ou pela baixa tolerância à frustração de algum membro da família. Para ele, em muitos casos os psicólogos escolares poderiam ajudar com orientação de práticas mais saudáveis para as famílias e melhor relação entre responsáveis, estudantes e atividades escolares.
Alguns psicólogos escolares, como Pollianna Galvão, têm destacado o papel dos profissionais para uma melhor integração entre os diferentes atores da comunidade escolar, num momento com tantos desafios como agora: “Acreditamos que o conhecimento psicológico possa mediar e favorecer aos atores das comunidades educacionais processos de conscientização que subsidiem a busca por uma lucidez para avançarmos pela libertação das injustiças mais fortemente evidenciadas no cenário da pandemia”, diz Pollianna.
Especialistas do mundo todo pensam como as vivências da pandemia poderiam impactar não só o presente, mas também o futuro das gerações atuais. Alguns abordam a possibilidade de uma “nova onda” da pandemia no futuro, desta vez devido aos transtornos psicológicos. Por isso, já seria necessário atenuar estas marcas.
O psicólogo Bruno Sini Scarpato diz que “ainda temos mais perguntas do que respostas sobre o impacto da pandemia em saúde mental a médio e longo prazo”. Por isso, é preciso acreditar desde já na identificação precoce de estresse psicológico, além de trazer orientação para as famílias.
“Já no ensino fundamental, aprendemos conceitos básicos de saúde, como por exemplo os principais agentes de doenças ou funcionamento do corpo. Por que a saúde mental tem que ficar de fora?” O questionamento é do psicoterapeuta Bruno Scarpato.
Ele afirma: “Importante que a escola seja um ambiente para se falar a respeito de sentimentos, angústias ou mesmo do que é saúde mental”. Para ele é possível desenvolver habilidades de enfrentamento para situações de estresse.
Uma pesquisa de 2019 mostrou que, de 260 mil estudantes questionados no Brasil todo, 65% gostariam que sua escola contasse com profissional de psicologia. Isso antes mesmo da pandemia.
Vamos lá: recomenda-se manter uma rotina estruturada, preservando os horários habituais de refeições, higiene pessoal e de dormir. Tentar manter o contato com colegas… Criar atividades que não envolvam eletrônicos. E vamos avaliar quais tipos de notícias informam e quais aumentam a ansiedade? Estas são algumas recomendações do psicoterapeuta Bruno Scarpato, um dos membros do Conversas de Vida – Centro de Promoção de Esperança e Prevenção ao Suicídio. (Veja mais dicas compartilhadas por secundas aqui).
Se precisar, procure o atendimento profissional em postos de saúde da sua cidade. O psicoterapeuta Bruno Sini Scarpato explica sinais que indicam quando o suporte profissional é necessário: queda significativa no desempenho escolar, diminuição do contato com colegas (os tipos de contatos possíveis na pandemia…), aumento da irritabilidade e agressividade, se machucar intencionalmente.
Veja esta lista de serviços psicológicos acessíveis. Conheça o Centro de Valorização da Vida (CVV), que atende ligações 24 horas por dia, e o Conversas de Vida – Centro de Promoção de Esperança e Prevenção ao Suicídio.