A recente divulgação dos resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 2023 trouxe à tona uma realidade preocupante para a educação brasileira. Embora o país tenha alcançado a meta prevista para os anos iniciais do Ensino Fundamental, os números gerais evidenciam um cenário de retrocesso e estagnação, especialmente nas etapas mais avançadas da educação básica.
De acordo com o Ideb, por dados oficiais da Agência Gov, o Brasil alcançou 6 pontos nos anos iniciais do ensino fundamental (do 1º ao 5º ano); já nos anos finais do ensino fundamental (do 6º ao 9º ano), alcançou 5 pontos; e o ensino médio registrou 4,3 pontos. Segundo os dados divulgados, apenas dez capitais conseguiram atingir as metas estabelecidas pelo Ideb.
A piora nas notas de importantes centros educacionais reflete problemas estruturais que persistem há décadas, e que, infelizmente, têm sido agravados pelas recentes reformas e pela falta de investimento adequado.
O Novo Ensino Médio, por exemplo, foi uma promessa de modernização e melhoria na qualidade da educação, mas sua implementação tem sido alvo de críticas por parte de estudantes, professores e especialistas. A reforma trouxe uma sobrecarga de conteúdos para os alunos, ao mesmo tempo em que manteve um currículo descontextualizado da realidade de grande parte das escolas brasileiras. Em vez de resolver os problemas, o Novo Ensino Médio parece ter aprofundado as desigualdades, beneficiando um pequeno grupo de estudantes em detrimento da maioria.
Além disso, a infraestrutura das escolas continua sendo um dos maiores desafios. Muitas unidades de ensino, especialmente em regiões periféricas e rurais, ainda operam em condições precárias, com falta de materiais básicos, espaços inadequados e sem acesso à tecnologia. Sem um ambiente propício para o aprendizado, é impossível esperar que os alunos atinjam o pleno desenvolvimento de suas capacidades.
Outro ponto crucial é a desvalorização dos professores. A baixa remuneração, somada às péssimas condições de trabalho, tem afastado muitos profissionais da educação, gerando uma crise de qualidade no ensino. Sem professores motivados e bem capacitados, qualquer tentativa de melhoria educacional estará fadada ao fracasso.
Por fim, é impossível falar sobre os desafios da educação brasileira sem mencionar os cortes de investimentos na área. Nos últimos anos, o setor sofreu uma série de contingenciamentos que comprometem não apenas a manutenção das escolas, mas também a formação continuada dos professores e o desenvolvimento de novos projetos pedagógicos. Em vez de priorizar a educação como um pilar para o futuro do país, as autoridades parecem ter escolhido um caminho de retrocesso e negligência.
A responsabilidade por esses resultados não recai sobre os alunos, que muitas vezes são vistos como os únicos culpados pelo baixo desempenho escolar. A culpa é do sistema falho, que continua a reproduzir desigualdades e que negligencia as necessidades mais básicas da educação pública. É urgente que se reverta essa situação, com políticas públicas que realmente valorizem a educação, oferecendo condições dignas para alunos e professores, e garantindo que o direito à educação de qualidade seja uma realidade para todos.
A UBES segue na luta por uma educação pública de qualidade, que atenda às necessidades da juventude brasileira e que prepare as novas gerações para os desafios do futuro. Não podemos aceitar passivamente a deterioração do nosso sistema educacional. É hora de exigir mudanças concretas e cobrar dos responsáveis o compromisso com o futuro do nosso país.