Ubes – União Brasileira dos Estudantes Secundaristas

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QUEM TEM MEDO DOS ESTUDANTES? 

Foto: Karla Boughoff

A discussão sobre as escolas cívico militares começa em meados do ano de 2019 após a criação do programa nacional das escolas cívico militares (PECIM), através do decreto 10.004/19 do então presidente Jair Bolsonaro, desde então os estudantes secundaristas brasileiros foram a linha de frente na luta contra esse programa, que teve seu fim em 2022; mesmo com a suspensão do programa nacionalmente, governadores bolsonaristas seguiram implementando esse modelo antidemocrático de escola nas suas redes. Paraná. São Paulo. Minas Gerais. Distrito Federal. Em cada canto do país, os estudantes secundaristas foram a linha de frente nesse enfrentamento, com grandes manifestações e mobilizações de toda sociedade para que esse projeto seja combatido. 

O modelo que trazia a promessa de melhorar a qualidade das nossas escolas, só serviu para comprovar que os estudantes estavam certos ao denunciar o que, na verdade, era um projeto de desmonte da escola pública. Nas cívico-militares os problemas se iniciam desde a sua implementação sem nenhum processo de escuta dos estudantes até a falta de preparo dos profissionais que assumiram papel pedagógico sem formação para isso. Por conta disso, damos andamento à construção de uma escola que não admite a liberdade, autonomia e diversidade dos estudantes como pilares fundamentais para a educação. Um modelo baseado na violência e na repressão como ferramenta de controle e disciplina só causa insatisfação nos estudantes, além de inúmeros episódios de racismo, homofobia, machismo e outras diversas formas de preconceito. Esse ambiente hostil faz com que muitos estudantes percam o interesse pela escola e não consigam enxergar a educação como um caminho de possibilidades. Além disso, é preciso citar a falsa ilusão de que esse ensino têm maior qualidade e melhor desempenho, mas que, na verdade, se explica por conta do maior fluxo de investimentos financeiros nessas escolas que nas escolas regulares, com ineficiência provada nos índices escolares: até os IFs têm melhor desempenho que escolas mesmo com quase metade do investimento. Após manifestações nas ruas e escolas, tentativas de diálogo e construção com as secretarias de educação, de garantir a presença e representação pacífica na Assembleia Legislativa de São Paulo e sendo recebidos com portas fechadas, violências físicas e prisões, nós nunca nos abstemos desse debate e temos muito a contribuir e apresentar. 

Recentemente, o STF convocou uma audiência pública para discutir as escolas cívico-militares que foram tema do último período do movimento educacional em todo o Brasil, mesmo com o protagonismo do movimento estudantil que fez gigantes manifestações e mobilizações a suprema corte brasileira não reconhece e nem legitima a representação dos estudantes secundaristas brasileiros. Ao observarmos a lista de inscritos aceitos pela corte, é notável uma restrição ao movimento social organizado e principalmente dos estudantes onde nenhuma representação foi aceita, a discussão fica limitada e sob responsabilidade de acadêmicos, parlamentares e de poderes executivos. Os estudantes são os mais afetados por esse modelo de escola e são os que diariamente sentem na pele o que é viver um modelo antidemocrático e desigual de educação em seus múltiplos aspectos. O STF é a principal instância jurídica do nosso país e precisa garantir que todas as vozes sejam escutadas, só assim alcançamos a justiça em seu conceito mais amplo. 

A quem interessa não ouvir os estudantes? 

Valorizamos a existência do espaço para discussão, mas não podemos deixar de denunciar o caráter excludente promovido pela ausência da nossa voz neste espaço, é o cotidiano de milhões de estudantes secundaristas que está em jogo. Não descansaremos até que a luta dos estudantes seja respeitada! A nossa luta é por cada estudante secundarista que tem em seu cotidiano a violência dentro e fora da sala de aula, que passa pelas mais diversas humilhações nesse ambiente escolar, que tem a sua autonomia e diversidade desrespeitadas, que tem a democracia interna da sua escola fragilizada sem a possibilidade de se organizar e que perdem a esperança na educação. A nossa voz pode não ecoar dentro do STF, mas ecoa em cada rua desse país onde há um estudante indignado, rebelde e corajoso pronto para transformar a escola pública brasileira. Seguimos na luta!

Hugo Silva
Presidente da UBES 

Mariana Chagas
Diretora da UBES 

Julia Monteiro 
Presidente da UPES SP 

Vitória Bonfim
Presidente da UPES PR 

Giulia Soares 
Presidente da UCMG