As mobilizações começaram no dia 2 de fevereiro, quando professores e estudantes da rede estadual de ensino de Goiás se reuniram em assembleia juntou ao sindicato para definir se a greve seria ou não decretada. Com cerca de 500 estudantes presentes, as reivindicações diante do fim das gratificações por titularidade e o achatamento salarial dos professores em votação decretou greve por período indeterminada no estado.
Simpatizantes à causa dos professores e insatisfeitos com as condições de ensino, os estudantes começaram a se organizar em assembleias para se unir à luta e participar ativamente da greve que já começou a mobilizar toda população. A União Goiana dos Estudantes Secundaristas de Goiás (UGES) tem firmado as bandeiras de luta do movimento estudantil no estado.
Falando das reais motivações que estão levando os estudantes às ruas, confira aqui a entrevista exclusiva que a presidente da UGES, Jéssica Wuiner deu ao Blog da UBES prevendo uma “epidemia” positiva e com condições suficientes para alcançar outros estados.
Greve geral em Goiás, toda população apóia a greve?
A grande maioria tem apoiado a greve, podemos ver isso na reivindicação das massas em todo estado e como tem crescido. A porcentagem que não apóia, infelizmente, são aqueles que acreditam nas mídias e emissoras que tem distorcido os fatos, querendo colocar a classe contra a própria classe. Mas quando um número grande de pessoas se revolta, e esse numero continua crescendo é sinal que algo está errado. Aos poucos temos mostrado às pessoas que o governo está tentando boicotar o movimento.
Provavelmente os estudantes estão se mobilizando também em defesa de outros pontos da educação no estado, quais seriam eles?
Pedimos uma reforma geral em nossa educação, desde as salas, à valorização do nosso professor, colégios de placa, a reabertura das escolas, e o Passe livre, que foi o mais discutido entre as propostas na época das campanhas políticas.
No que diz respeito à relação professor e aluno, estrutura física e ensino em Goiás, qual é a realidade do estudante na sala de aula?
Para começar, a estrutura física é de péssima qualidade, tetos que caem na cabeça dos estudantes, laboratórios fechados por falta de profissionais qualificados, colégios fechados, material didático de péssima qualidade, vivemos um desastre total na educação de Goiás.
Nas redes sociais e conteúdos de sites independente tem afirmado que os estudantes de Goiás são os novos ‘Caras Pintada’, como está sendo a postura dos estudantes diante desse tipo de reconhecimento, e quais são as expectativas de mudança da UGES?
A rebeldia consequente dos estudantes só aumenta, na verdade, isso é motivo de orgulho para entidade e todos os estudantes. Sermos comparados aos “caras” do movimento estudantil tem dado força e mais garra para essa galera, a perspectiva é que com esse reconhecimento, o movimento só cresça e chegue a ser um movimento nacional, como será amanhã, 9, quando mesmo os estados que não forem às ruas estarão pelas redes socias dando apoio à nossa passeata.
Esse apoio aos professores, sempre foi assim ou agora é que os estudantes estão reforçando a unidade? E como os professores reagem nesse momento, sabendo que os próprios alunos estão ao lado deles?
Desde que vivo em Goiás não vi nada parecido, pelo contrário, as greves dos professores saiam sem resposta pois eram vencidos pelo fator tempo, que colocava pais, alunos e professores contra a greve. Confesso que em meus tempos de alienada também era contra, mas o movimento estudantil me trouxe para uma outra realidade, por isso a vontade de tomar a frente e criar um movimento unificando a classe, afinal temos um inimigo em comum, e vivemos dentro de uma mesma sala sem condições necessárias, tanto para o aprendizado quanto para ensinar.Os professores estão felizes e mas do que isso, estão se sentindo contemplados na luta, ao contrário do que falam, não são os professores que tem colocados os alunos na rua, são os estudantes mobilizando outros estudantes, tanto que a sub secretaria de educação do estado, tem proibido a entrada da entidade nas escolas, com medo de que mais alunos comecem á aderir a GREVE DOS ESTUDANTES!
Mais estudantes estão entrando em contato com a entidade?
A procura pela entidade está cada dia mais forte, os que chegam, chegam pra somar, sempre tem as outras forças que querem nos derrubar, mas ninguém joga pedra em árvore que não dá frutos; e é visível a UGES cada dia mas como entidade que de fato representa os estudantes!
A consciência política e poder de mobilização está se despertando ainda mais entre os estudantes?
Temos feitos assembleias antes das manifestações, falamos a verdade e nada além dela; de quanto é difícil e de que vão tentar nós oprimir, mas que somos mais fortes. Falamos e temos explanado muito bem nossas causas antes e depois das manifestações, o que deixa todos conscientes da causa, até mesmo para trazer esse censo critico, e tem dado certo, eles falam debatem e expõem opiniões, o que mostra que realmente os caras pintadas estão voltando.
Como estão sendo organizadas as mobilizações?
Começam nas próprias manifestações, no final de cada uma já saímos com propostas para próxima e ponto de encontro, o resto tem sido feito pelas redes sociais. Algumas manifestações acontecem na porta das escolas que ainda não aderiram à greve, até porque nossa entrada nas escolas foi proibida com medo de que o movimento cresça, mas não e um portão que vai deixar a UGES sem falar com os estudantes. A cada manifestação o número de estudantes aumenta, começamos em torno de 500 na primeira, na segunda já foram mais de 1.500 e o numero só cresce, sem contar com a organização dos grêmios no seu próprio setor. Hoje mesmo, o Colégio Militar modelo também vai às ruas, o movimento em apoio aos professores está virando uma epidemia em Goiás, exatamente como a gente quer.
Estamos juntos aos professores fazendo muitas panfletagens, e aos poucos os pais também estão vindo pra causa, alguns acompanham até mesmo levando água para os estudantes em passeata, por isso acreditamos em uma revolução pela educação em todo o País; começando por Goiás, na esperança que a epidemia também chegue em outros estados!
QUINTA-FEIRA, TODO BRASIL EM APOIO AOS ESTUDANTES DE GOIÁS
Acontecerá amanhã, 9 de fevereiro, mais uma passeata que levará os estudantes às ruas. O ponto de concentração será enfrente ao Liceu de Goiás, mais informações, acompanhem pela rede da presidente da UGES.
A mobilização estudantil promete não só causar uma verdadeira “epidemia” entre a população do estado, na defesa do ensino. A UBES e as entidades estaduais e municipais de todas as regiões do país estarão promovendo o tuitaço em apoio aos estudantes que estarão nas ruas.
Escolha sua hashtag e acompanhe as atualizações através do twitter da UGES: www.twitter.com/ugesGO
#Estudanteaquitemvoz
#UGESvaialuta!
#nossahistóriainguémapaga
#valorizaçãodoprofessor
#Oprofessoremeuamigo
#Reformanaeducação GO
UM POUCO MAIS SOBRE A UGES
Recém reconstruída em 2009, a entidade está em ano de consolidação da entidade, cumprindo um papel fundamental de unificar a classe antes dividida, em que aluno ficava de um lado e professor ficava de outro; hoje caminham lado a lado em busca de uma qualidade de ensino. Entre suas bandeiras de luta está a defesa de 10% do PIB pra educação, 50% do Fundo Social do Pré Sal para educação, Passe Livre estudantil, redução de tarifa, entre outras, além de suas ocupações a UGES.
Sem boas condições estruturais para sua sede, a entidade na gestão passada iniciou uma ocupação urbana em uma casa abandona, próxima ao Palácio Pedro Ludovico Teixeira, abandonada depois de funcionar como Secretaria Municipal de Mulheres, a casa estava servindo como esconderijo de usuários de droga, famoso ‘mocó”. A UGES desde então tem realizado trabalhos nessa casa, e se mantido forte e resistente mesmo sem água e energia, pois sua sede histórica, apelidada de Castelinho, foi destruída pela ditadura militar.
Segundo Jéssica, ao assumir a pasta de cultura, criou o projeto Pão e Circus, que seria o grupo teatral da UGES, que funcionaria como ferramenta de mobilizações nas ruas e nas escolas. A ideia surgiu realmente pela carência de cultura dos jovens goianos, e de protesto a política PÃO E CIRCO que o governo vem tentando implantar em goiás. “A intensão é de que o Pão e Circus torne-se nacional , projeto consciente realizado por jovens mesmo”, conta a presidente da entidade.
A UGES também foi protagonista do movimento Pula catraca pelo passe livre relançada neste mês. Segunda a presidente da entidade estadual, o recado da gestão é “a nossa história ninguém apaga! Por isso redundaremos as UMES e criaremos muitos mais grêmios combativos, como Lyceu de Goiânia, e Pedro Gomes que são as escolas mas fortes em mobilizações durante esses últimos tempos!”, completa confiante.