Sem recursos do governo estadual, estudantes, professores e diretoria da Etec Tiquatira mobilizam-se para melhorar a estrutura da escola
Recebendo apenas R$ 4.800,00 mensais do Estado para a manutenção da Escola Técnica (Etec) Tiquatira, na Penha (SP), estudantes e toda a comunidade escolar iniciaram mutirões e festas para investir em melhorias na infraestrutura da escola. O resultado da iniciativa tem sido positivo, as atividades passaram a ocorrer aos finais de semana e conseguiram arrecadar o mesmo montante de recursos enviado pelo Estado.
O diretor Wilson de Andrade segue “à risca a teoria do vidro quebrado”. “Se há algo danificado em um espaço, a tendência é de depredação, enquanto o que está preservado será mantido”, afirma Andrade. Ele conta que antes da “pequena revolução”, como gosta de chamar, os estudantes não queriam assistir às aulas. Hoje, com 1.200 estudantes cursando Ensino Médio em período integral e cursos técnicos, a Etec Tiquatira está entre as 15 melhores escolas técnicas públicas da capital.
A estudante do curso de Química, Cassia Pereira, conta o quanto a mobilização é importante para quem quer terminar o curso. Segundo ela, há uma forte integração entre os professores com a turma para manter o funcionamento do prédio. “Foi uma ótima ideia. O diretor e os professores analisam, acham uma forma de resolver o problema e a gente ajuda”, conta a secundarista.
Sem os repasses mínimos do governo, a comunidade escolar criou em cada uma das salas um kit com vassoura, pá e produtos de limpeza. O objetivo é facilitar a limpeza diária feita pelos próprios estudantes e professores. Para questões ligadas à manutenção, todos se reúnem aos fins de semana, inclusive os pais.
O comprometimento de todos também ajudou a dar fim nas pichações e depredações. O movimento também refletiu nas notas, frequência dos estudantes, cada vez mais engajados.
O diretor explica que para manter os laboratórios em funcionamento foi preciso recorrer a doações, como aconteceu com uma empresa de bebidas que forneceu parte dos vidros. A compra desse tipo de material é feita uma vez por ano através de licitação, o que deixaria o laboratório fechado a maior parte do ano letivo.
A iniciativa rendeu um selo de qualidade do Conselho Regional de Química (CRQ), inédito entre escolas públicas de São Paulo. “Melhores resultados virão daqui a uns anos, quando as turmas já tiverem iniciado na escola que temos hoje”, finaliza Wilson.
Da UMES-SP, com Redação.