Reitor do IF do Espírito Santo, Denio Rebello, fala sobre os resultados que levaram o instituto a ocupar o primeiro lugar no ranking das instituições públicas do Brasil
No último dia 5 de agosto, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) divulgou os dados do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) de 2014, abrangendo os resultados de 15.640 escolas. O principal destaque entre as instituições públicas foi o Instituto Federal do Espírito Santo (IFES), que liderou o ranking.
Oito campi do IFES ficaram entre as 20 melhores instituições de ensino do Estado nas notas das provas objetivas. O campus Vitória obteve a maior nota entre todas as escolas públicas do Brasil.
Em entrevista ao site da UBES, o reitor do IFES, Denio Rebello, fala sobre os resultados alcançados pelos estudantes.
UBES: Sabemos que no Instituto Federal o foco da formação não é a avaliação do ENEM, mesmo assim os estudantes capixabas tiveram um desempenho destacado. Na sua opinião, quais fatores foram decisivos para o resultado?
Dênio Rebello: A infraestrutura, o investimento na capacitação dos docentes, técnicos administrativos e o processo pedagógico diferente traz o mundo do trabalho para dentro do currículo, dialogando mais com a realidade. Faz com que o jovem entenda o que está aprendendo. Ele tem também muitas outras opções de participação social enquanto cidadão, podendo acessar outros instrumentos como música, esporte e acesso à biblioteca. Tudo isso facilita o processo. O jovem vai muito bem no ENEM e se forma como cidadão. É uma autodisciplina, os estudantes aprendem a responsabilidade dele na vida acadêmica, com a instituição e na participação interna de decisão. Esse conjunto de fatores contribui para o resultado.
UBES: Para o senhor, que acompanhou todo processo de expansão da rede federal, como avaliar esses avanços?
DR: A expansão está sendo um momento de grande tensionamento. Não é fácil multiplicar por dez o número de matrículas na educação profissional em um curto espaço de tempo. O IFES já vem num processo anterior, com entendimento que era preciso interiorizar, mas apesar disso temos 80% dos campi com alguma coisa que falta ou precisa ser refeita em função da expansão.
U: Há novos projetos para área de expansão em ciência e tecnologia?
DR: Talvez o Espírito Santo seja o estado que tenha melhor relação entre alunos do ensino médio e ensino profissional em número de vagas. Estamos preenchendo lacunas. Em Viana, cidade com 70 mil habitantes, onde não havia campus, estamos iniciando um neste mês.
Também avançamos muito em educação à distância, temos 30 polos nesta modalidade, na pesquisa e extensão. Ganhamos um edital para que os IFES tivesse um polo de inovação que permitirá trabalharmos juntos com as empresas, as novas tecnologias e inovações. Sem dúvidas, um instrumento fundamental nesses avanços.
U: O instituto também tem feito a integração entre a educação no campo e o ensino agrotécnico. O senhor pode falar um pouco sobre essa experiência e o impacto para a economia do estado?
DR: Em alguns de nossos campi temos a pretensão de ter cursos ligados à área agrícola com a produção rural por meio do regime de alternância, metodologia em que o aluno passa um tempo na escola e outro parte entre os produtores rurais. Isso já resultou na primeira especialização em regime de alternância. Os professores estão sendo capacitados, um caminhar da educação agrícola para a formação dos estudantes e atendimento aos pequenos produtores.
U: E para o futuro, quais os desafios que o IFES deve encabeçar para acompanhar o desenvolvimento do Espírito Santo e em todo o Brasil?
DR: Há alguns anos decidimos aumentar a nossa verticalização, entendemos que é preciso qualificar nossa ação, qualificar nossos professores, partimos dessa proposta como visão de futuro.
Passamos muitos anos colocando a educação em uma posição secundária. O governo federal, com Lula e Dilma, trouxe a educação para o centro da cena. Todas as pessoas falam que a educação é prioridade, o que é uma vitória enorme para o país. Investiram em um movimento a longo prazo. Esses são apenas os primeiros resultados, precisamos continuar.